21 de jan. de 2011

Interpretando música instrumental



O broder que resenhou o ‘Hardcore Will Never Die, But You Will’ do Mogwai, pro Scream & Yell, disse que “um dos métodos mais eficazes para a assimilação de uma música instrumental é relacionar os sons com lugares e climas”.

Achei interessante esse modo de interpretar a música instrumental, porque eu sempre tento fazer o inverso: ir sempre mais fundo na própria música, tentar ouvir uma linha instrumental de cada vez e notar cada mudança, cada passagem, cada detalhezinho.

Quando tudo foi “explorado”, aí sim, é hora de ver a música como um todo e tentar ouvir todos os instrumentos como se fossem um só, formando uma coisa inseparável.

Se fosse pra fazer uma comparação visual, eu imagino como um emaranhado de fios brilhantes, em que conforme você ouve a música e descobre coisas pequenas dentro dela, vai abrindo passagem. Você nunca chega até o fim disso, mas sempre guarda os lugares mais intricados, ou mais luminosos. Passagens que significam mais para você, sentimental ou fisicamente.

19 de jan. de 2011

O conceito inovador de tocar Red Hot em bares

“Eu monto uma banda com ele, e o filho da puta ano que vem vai pra Campinas”

Amigo meu falou isso hoje, e só confirmou o que eu venho notando desde o começo das férias, a cada vez que saio com alguém: daqui, no mínimo, um ano, eu não vou ter nenhum amigo por perto.

Ir para um bar beber água, fazer os churrascos mais legais da região dos grandes lagos ou só ir pra casa de alguém jogar video game vão deixar de ser algo corriqueiro, para se tornarem coisas raras, que quando tu faz, faz com nostalgia.

Claro que eu vou conhecer gente nova, mas pra largarem de ser bons colegas e se tornarem amigos, vai demorar um tempo. E à vontade mesmo, tu nunca fica de verdade com essa galera.

Não dá pra falar de problemas, gurias e coisas mais íntimas (principalmente), e nem ser cretino e chamar alguém de “gaygaygaygaygay” enquanto faz uma dança do robô, com alguém com você conhece há menos de um ano.
Eu conheço meus amigos há sete, e até hoje a gente fala coisas que deixam todo mundo surpreso.

É estranho que uma coisa que eu sempre esperei com ansiedade vai ficando estranha, logo agora que está tão perto.

11 de jan. de 2011

Conversinhas sobre Goethe e as minhas expectativas furadas

Conforme o tempo passa essa glamourização de relacionamentos vai ficando cada vez mais boba e ineficiente.

Meus amigos são normais, e eu gosto muito deles. Nós não discutimos Fausto no intervalo da escola e não falamos de sentimentalidades (a única palavra cabível) toda hora. Esse tipo de coisa só rola às vezes, e essa antecipação de altos papos inteligentes não vai nunca levar a nada bom. Tu se frustra por não conseguir se relacionar com outras pessoas do jeito que você gostaria, sendo que isso não depende só de você. O que os seus amigos podem te oferecer, tá bom.

Mesma coisa com mulheres: eu sempre fico pensando em como seria legal ser muito amigo de tal e tal menina, ou o eterno ‘gata vamos ouvir uns vinis lá em casa tomar um vinho curtir uns queijos finos’ (com isso eu quero dizer sexo, acho, um assunto bem recorrente nos últimos dois posts e podem me julgar, estou num momento difícil da vida). Eu embelezo mesmo esse tipo de relação, mesmo que ela nem tenha começado. O problema é que aqui não é a outra pessoa que tem que suprir suas expectativas em relação a conversas, comportamento, etc etc.
Que dizer, ela tem, só que você precisa se esforçar mais.

Triste, e irritante, no mínimo.

Mas depois de um tempo, você desencana de tudo. As conversas com os amigos são boas, e vão sempre mudando, melhorando. Chega de correr atrás e forçar assuntos que, uma hora ou outra, viram o tópico da vez.

Chega de ficar se martirizando pra ser legal com a guria, ou ficar adocicando amizades e relacionamentos que não vão rolar de qualquer jeito. E não é ser frouxo, ou largar mão fácil. É só questão de bom senso. Ou talvez eu esteja bem errado. O que importa é que uma hora a vontade imensa de ter alguma coisa com tal fêmea, acaba ficando de lado. Por você mesmo, assim. Nada demais precisa acontecer, você só vai enchendo a cabeça com outras coisas e, de repente, ela parece tão interessante quanto qualquer outra menina bonita. Um pouco mais, vou dizer, mas enfim.



Sei lá.



(ando experimentando essa de escrever espontaneamente, me acompanhem)

10 de jan. de 2011

Um ano fundamental

Dois mil e onze tem tudo para ser um ano ao mesmo tempo grandioso e terrível.

Logo de cara, me inscrevi em uma academia, esse antro de saúde, músculos, amizades, imobilidade temporária e gatas correndo na esteira.
Vou ficar sarado, e colecionar namoradinhas ao longo do ano. Ou apenas perder meu buchinho e já ficar feliz com isso.

Na escola, o terceiro colegial: apogeu dos menores de dezoito anos (eu) que acham que terminar a escola é o maior sinal de maturidade; a entrega do seu diploma sendo também uma passagem simbólica de toda sua masculinidade duramente conquistada.
Apenas para uma curtição mais explícita, unificadora e moleque, o colégio proporciona momentos únicos bacanas (churrascos, etc etc), e outros nem tanto (trotes, todos vestidos de mulher, etc etc).

Ainda no âmbito educacional, a chegada do vestibular.
Eu tento não pensar nisso, mas depois de dois mil e dez, aliviei um pouco da tensão em volta.
Também não ligo para um ano de cursinho.

No conservatório, o fim do curso técnico (teoria), e, além da eterna labuta que é o violão, o começo de uma nova empreitada loka: aulas de trompete.
Aguardem minha transformação em um músico de jazz, conectado como nunca aos dizeres da minha alma, à essência do improviso e a roupas que ostentam elegância e despojamento. Boinas, por exemplo.

Na vida, a maioridade. Tem todo uma glamourização em volta, mas acho que a única coisa que vou tirar disso, é poder entrar nos lugares em que sempre quis entrar, sem precisar mostrar meu RG feito no paint. Vou me frustrar nos primeiros dez minutos, mas tudo vai ser recompensado pela vibe ao redor do momento.
Fora isso, apenas a indiferença em ter um carro (parte fundamental de toda a curtição dos dezoito anos), e o julgamento intensificado dos amigos sobre nunca ter tido noites de amor com uma bela mulher.



Volta 2008.

6 de jan. de 2011

Fronha velha

Transamos pela primeira vez em sua cama, quando todos estavam fora.

Terça-feira à tarde, fechamos as janelas e a porta.

Fazia frio.

A fronha do seu travesseiro era antiga, do Tom & Jerry.

Fiquei quinze minutos tentando desviar o olhar dela (a fronha), para olhar para ela (a namorada).

Quinze minutos.

Depois disso, não conseguia pensar em mais nada, e meu olhar dava para o teto.

Fica a mágoa de dizer que nos separamos, mas tudo bem. Ainda somos amigos, daquele jeito.

Conforme o tempo e as vezes passam, você lembra desses minutos com menos fervor.

E a fronha, as cobertas, nem sempre são as mesmas.

Durou o tempo de um enxoval.

Mas Tom & Jerry continua sendo meu preferido.




(não comi ninguém pra escrever isso)

2 de jan. de 2011

11

Mil e duzentos quilômetros até Cuiabá, com cinco pessoas no carro, dois dias de viagem, e um grande loop de Los Hermanos (“4” melhor disco, agora), Cidadão Instigado e Nevilton.

Dormimos na casa de um amigo do meu irmão, e isso foi no sentido mais literal: só voltávamos para lá pra dormir, depois uma tarde cheia de aventuras na natureza natural do Centro-Oeste.

A parte física não tem nada demais pra dizer: é tudo muito bonito, mesmo.
A Chapada, as cidadezinhas ao redor, as casas das pessoas que visitamos. Coisa que não dá pra ver por foto ou relato.

Agora, as pessoas são a grande coisa, mesmo que eu receba mais do que dê (todos riem).

O casal que não é meu amigo, vou dizer, mas que acho que entraram na minha vida há mais tempo que todos os amigos de fato.

O estagiário que se sente humilhado por carimbar as coisas, mas fala com pompa que agora organiza os xeroxes.

Os pais e maridos que, posso estar enganado, são as pessoas mais legais do mundo.

A família que mora na beira de um abismo. Literalmente.

Fui conhecendo coisas simples de pessoas que deixam a impressão de que vale a pena conhece-las melhor, e de que é triste deixa-las pra trás. Amizade de um dia só.

Não vou acompanhar o crescimento do filho como acompanho o dos meus primos; nunca vou saber que fim levaram os xeroxes; se os pais vão continuar tão legais, e se seus cachorros vão vingar; nem se a família vai progredir ainda mais. E muito menos, se uma sobrinha de sei lá quem vai realmente pra Abu Dhabi trabalhar.

Vai tudo ficando pra trás, sem ser triste. Na hora, já é interessante o bastante.

Uma vibe bonita, uma festa linda.

Toma-lhe, 2011.