25 de dez. de 2011

Sem título

Descobri nesses dois dias que a internet não é um lugar para ser visitado durante o natal: de um lado, os engraçadões que não perdem a chance de fazer uma piadinha depreciativa e sagaz com qualquer coisa e que acabam se tornando eles mesmos o tio do pavê (maior mazela da vida do ser humano desde a criação do pavê, aparentemente); do outro, as pessoas que, em algum momento da vida, tiveram algum trauma que tirou a graça da data e que acreditam que a missão maior de sua vida é alertar o resto dos homens da hipocrisia da comemoração, etc etc. No meio disso, as pessoas que vem falar de religião, mas isso deixou de ter alguma credibilidade quando compararam papai noel a jesus.

Enfim, cada um gosta do que quer, mas é muita falta de amor no coração dizer que tu torce pra isso acabar para poder parar de fingir que está feliz e voltar para casa, ouvir Bob Dylan e acabar com essa falsidzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz.



Até o Mastodon gosta do natal, forte abs.

20 de dez. de 2011

Vinte e um

Tem gente que se preocupa tanto em descolar um sentido imediato pras coisas que não entende que, às vezes, você tem que prestar atenção e se esforçar para tirar o que vale a pena de um monte de (ditas) baboseiras.

“Por que isso vai ser útil pra mim, hein?”

“Cala a boca e ouve, tu vai se surpreender.”

Não tem nada pior que má vontade em aprender, nego que rejeita coisas que não entende por ser de fato imbecil ou por achar que é inteligente, o que vem com o combo veia cômica afiada + preconceito disfarçado de alta cultura.
Típico pinta que faz questão de exaltar o lugar-comum de qualquer arte, mas menospreza o que é um pouquinho mais difícil de entender.

Enfim, por que eu me preocupo com isso, mesmo?

14 de dez. de 2011

Mastodonte

Sua amiga chegou e ficou perto de nós dois, e ela não fez menção nenhuma de nós apresentar; ao invés disso, foi olhar alguma coisa longe dali. Eu fiquei sozinho com ela e sabia que seu nome era Ana Carla, só que mesmo assim:

“E aí, tudo bom?”

“Bom, e você?”

“Também, como é seu nome mesmo?”

“Emanuela... difícil guardar, né?”

“Vou lembrar, prazer”

“Prazer, Larissa”
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Sonhei com isso e com certeza foi mais interessante em minha cabeça, mas não custa nada deixar escrito. Às vezes é bom pensar em algo que não faz sentido.

1 de dez. de 2011

Ordinário

Há quase dois anos eu estava começando a gostar de Wilco, numa quarta-feira em que eu passei a noite inteira ouvindo e tocando ‘Misunderstood’, emulando pela primeira vez, com o violão alto no peito e os berros finais, Jeff Tweedy.
Desde então é uma das minhas bandas preferidas, se não for a preferida.
Eu ouvi feito bobo qualquer coisa que eu pudesse encontrar deles e gostava de ir cada vez mais fundo, descobrindo qual era a melhor versão ao vivo de cada música e quais os b-sides e demos valiam a pena.

Agora, de uns tempos pra cá, eu descobri o Black Drawing Chalks. “Music to drink, dance and fuck”, e só isso: não tem pretensão de ser bonito e nem certeiro em cada verso, descarta a necessidade de colocar tudo em termos sutis e sublimes e ao invés de acertar seu coração, te acerta logo na cara para te acordar um pouco pra vida.
Eu não preciso pegar meu violão e apertar a correia para tocar isso, eu só preciso colocar minha guitarra lá embaixo e fazer o máximo de barulho que conseguir.
É um som tão simples, fácil e divertido que me faz colocar em xeque o tempo que eu passei me dedicando ao Wilco e a importância que a música deles de fato tem para mim.

Mas eu esqueci que chega uma hora em que tudo perde uma parte do sentido e da força sobre você, e com o Black Drawing Chalks não foi diferente: assim como o Wilco eles foram caminhando devagar (ou nem tanto) para o seu ápice, seu maior momento de significado, algo como o ponto em que eu sempre quis chegar depois de seguir esse ou aquele caminho.
Depois disso as coisas se desgastam e você (eu) precisa voltar para as outras coisas que, há tempos, estavam esquecidas; recuperar o significado e a importância que, quando colocados a prova, mostram sua força.

Acaba que, de pouquinho em pouquinho, consegui conciliar os dois sem preferência por nenhum. Cada um com seu próprio sentido, cada um com o som que se encaixa em cada momento, e é isso o que torna tudo interessante; às vezes ouvir sobre o amor te diz mais, às vezes não.