10 de jul. de 2009

Count Zero | William Gibson [1986]

  Pois bem, depois de uma resenha furada e rápida demais de Neuromancer, que por sinal não leva a lugar nenhum, tentarei a sorte no resto da Trilogia do Sprawl, indo agora de Count Zero.

  A verdade nua e crua, é que esse livro, dos três, é o pior.
  Porém não deixa de ter seus méritos: a narração continua bem feita, os personagens são mais personagens (características próprias, destaques e talz, como a Molly) e aqui Gibson inicia um meio de contar estórias que ele vai usar tanto em Mona Lisa Overdrive, o terceiro livro, quanto na sua segunda trilogia, a da Bridge, e de forma ainda mais abrangente: narrações paralelas. Count Zero tem três, Mona Lisa tem quatro.

  Count Zero gira em torno de três personagens principais: Bobby Newmark, Turner e Marly Krushkhova.
   
  Bobby é um adolescente vidrado na idéia de ser um cowboy de ciberespaço, e segue os moldes construídos em Neuromancer de personagem ciberpunk, ou seja, é um ferrado. Mora em uma área marromenos de New Jersey, seu estudo é falho e sua mãe é uma viciada em novelas transmitidas por simstim (um programa normal, onde o espectador toma a perspectiva do ator, sentindo quase tudo o que ele sente, e vendo também).
  A história dele começa quando um amigo traficante de softwares, Two-a-Day, dá para ele um ICE-Breaker fodão (ICE é a barreira que protege os dados na matrix), que acaba fritando seu cérebro. Ele é salvo por uma imagem misteriosa, mas sua tentativa de invasão não fica por isso mesmo: após sair de sua casa para tentar descobrir o que aconteceu, uma bomba cai lá, cortesia dos criadores do ICE-Breaker, que é baseado em um biochip, que queria sua tecnologia novíssima, em segredo. Porém o software é roubado dele, e quando ele vai direto a Two-a-Day, perguntar que merda está acontecendo, ele fica sabendo que de ferrado, ele foi pra ferrado envolvido em um grande esquema.

  Corta.

  Turner é um mercenário especializado em fazer transferências de empregados de uma empresa, para outra, o que não é tão simples, levando em conta que os empregados importantes são mantidos prisioneiros. E o que ele quer transferir, é o criador do biochip, Christopher Mitchell, preso na arcologia da Maas, uma corporação que, junto com outra, praticamente monopoliza a fabricação de novas tecnologias no mundo.
  Depois de certa enrolação, o plano começa, e a idéia era Mitchell fugir da arcologia, para encontrar Turner e os capangas. Mas o que rola é que Ângela Mitchell, sua filha, aparece, e imediatamente o lugar é explodido.
  Turner foge com Angie em um jato, e descobre logo menos que ela tem “circuitos” em sua cabeça, em formatos específicos e que são interpretados por ele como tumores, mas que na verdade são como uma conexão wireless. Com isso, Angie consegue entrar na matrix, sem um console.
  Seu grande esquema é descobrir quem explodiu o lugar, o que ela tem em sua cabeça, e deixá-la em segurança, já que o pai morreu no dia seguinte.
  Vale notar que ele pode até não rancar teu coração, mas um outro órgão, sim.

  Corta.

  Marly é uma artista belga, que mora em Paris, e que aos trancos vai se mantendo, depois de ser acusada de vender uma peça falsificada, em sua já fechada galeria. 
  Sem explicação nenhuma, ela é contratada por Herr Virek, um bilionário mothafocka, para encontrar o criador de caixas que lembram as de Joseph Cornell, só que absurdamente complexas, para que ele possa ter seu corpo de volta, já que no momento, ele é um container cheio de órgãos, e uma consciência viva não me pergunte como. 
  Com todo dinheiro que precisa, mais para o fim do livro ela atinge o apogeu de sua busca: o espaço. Depois de uma penca de capítulos zanzando por Paris, ela busca em estruturas espaciais abandonadas o criador das caixas, mas decide não colaborar mais com Virek.
  É a única personagem que não se relaciona com as outras de maneira direta, e mesmo sua narrativa rela nas outras de forma rápida.

  Basicamente, é isso. A nova forma narrativa não serve pra deixar o livro aquela maravilha, e o fato de apenas a parte de Marly ser muito boa não ajuda nisso.
  No fim, nada incrivelmente bom, e nem memorável, que funciona como parte de uma trilogia, mas como livro solo, não colocaria muita fé.

Nenhum comentário:

Postar um comentário