Hoje é o dia pra escrever sobre os melhores de 2009. Sempre achei essas listas que são divulgadas semanas antes do ano acabar um bocado sem sentido. Coisas podem acontecer ainda, nesse intervalo de tempo. Ou não. Fazer bem perto do fim, ou um pouco depois também, faz mais jus à idéia.
Queria fazer um de melhores discos, mas vou deixar pro outro blog, assim já deixo pra baixar e faço uma tarefa mais completa. Só vai demorar mais. Aqui vou falar de coisas bacanas, no decorrer do ano, mas nada muito grandioso; coisas pequenas. E nada mais tendencioso do que juntar tudo isso em um Top 5.
Eis:
1) Radiohead, no Just a Fest: encontrar as pessoas foi incrível, e o festival inteiro também foi, mas o Radiohead foi a banda que “fudeu tudo os baguio”.
2) Sonic Youth, no Planeta Terra: encontrar as pessoas foi incrível, e o festival inteiro também foi, mas o Sonic Youth foi a banda que “fudeu tudo os baguio”.
3) Meus amigos, em Rio Preto: sinto que nunca fui mais chegado e mais sincero com meus amigos. Rolaram brigas, mas eu descobri coisas sobre eles, e falei coisas sobre mim, que até então não haviam sido ditas.
4) Música, desenho e leitura, em Meu Quarto: esse ano realmente comecei a me dedicar ao violão, aos meus desenhos e à leitura, levando os dois primeiros mais a sério, e o terceiro com mais interesse. E é assim que se forma um cidadão VENCEDOR.
5) Dedicação, na Vida: talvez não tanta, mas esse ano me inclui em várias coisas, e tentei ao máximo leva-las a sério. Muitas morreram no meio do caminho, mas hey, isso aqui sobreviveu. Fora isso, as coisas normais também passaram ao posto de cruciais, e deixaram de ser algo fácil, ou dispensável
Isso é algo bem por cima, e dentro de cada item, existem vários outros. Mas basicamente, foi isso: vi shows bem legais, conheci pessoas bem legais, tanto lá quanto aqui, fiz amigos novos (o que eu não fazia desde a sexta série), me animei em fazer mais coisas, sozinho ou com outros, e no fim, foi um bom ano.
No mais, um bom 2010, pra todos que venham a ler isso.
Voltando a um ponto pouco explorado: maturidade musical. Eu penso nisso sempre que penso em música, mas não que eu fique me atormentando com as supostas conclusões que eu tiro disso.
Musicalmente, experiência é tudo. Ser bom e ter facilidade é um grande relevante, mas se você não souber o que fazer com isso, tudo se torna só um amontoado de sons sem significado, sem sofisticação, e coisas assim. Isso só o tempo muda, e não adianta querer ir contra isso. O seu ouvido não vai ficar melhor em um mês de violão, o seu conhecimento do instrumento não vai vir em algumas semanas, e assim vai... Mas eles vem, com o passar, de novo, do tempo. E você não percebe quando vem, só acontece.
Eu toco há quase três anos, e ainda não me sinto seguro de tocar com o meu irmão, por exemplo, que toca há dez. As coisas que ele cria como brincadeira, eu precisaria de um baita tempo pra fazer. Não imitar, mas fazer algo com a mesma complexidade. Por isso eu raramente toco com ele. Pode ser viadice, mas sei lá, o que eu sei fazer com tanto custo parece nada perto do que ele faz. Isso também pode ser desmerecimento, mas isso eu melhoro depois.
Óbvio que tempo tocando pode não significar nada. Um monte de gente tae fazendo a mesma coisa, sem crescer nunca, nem mudar, nem coisas assim. Isso é só andar em círculos, correndo atrás do próprio rabo. Medo de tentar algo novo. Ou alguma coisa assim. Mas não há como negar que os anos deixam tudo melhor. É só olhar para Radioheads, Sonic Youths e outros tantos exemplos que eu não conheço (mas ignorância musical é outra coisa). Esses caras, hoje, tem 40/50 anos, e começaram isso com 20 e tantos, possivelmente.
Nada vem de graça, isso só é resultado de anos e mais anos de experimentação. Uma música não acontece em dez minutos. Uma banda não se baseia (ou não deveria se basear) em três acordes. E deixem dessa de Ramones ser genial. Você não precisa saber tocar pra tocar, mas ficar parado, sem experimentar nunca, não leva a lugar nenhum. Isso funciona pra mim, mas muitos podem conseguir passar o que querem de forma simples. Eu prefiro não.
Resolvi voltar nisso, quando vi um vídeo do Sonic Youth, em que o Jim O’Rourke (o cara do disco com uma música só, de 40 minutos, que ainda não ouvi) ainda tocava com eles. Fiquei pensando como deve ser bacana tocar com eles, e como eu deve ser difícil acompanhá-los na criação e na execução de tudo. Será que eu conseguiria? Não, foi minha primeira resposta. O que será que ele (JO) tem, pra estar lá? Anos de experimentação. Experiência. Será que eu vou conseguir isso? Sim. Espero.
Por fim, o tal vídeo. Pattern Recognition, do Sonic Youth. A idéia, de novo, não foi bem expressa, mas o vídeo mostra exatamente o que eu quero dizer.
Exatamente três da manhã, com meu primo do meu lado, jogando videogame, e meus olhos beirando a explosão. Não tenho moral de mandar ele dormir, e se eu for ler, eu vou capotar depois de três palavras.
Fato é que 2010 logo menos chega, e a maioria das pessoas toma essa data como uma época de reflexão e pensamentos solitários, revendo sua vida. Eu, desde 2007, meu ano negro, parei de me preocupar muito em definir metas sérias pro ano que segue. Só coisinhas simples, como ler tais coisas, tocar tais outras coisas e assim vai. Além de sempre tentar manter em mente, que algo pode dar errado. Coisas pequenas e grandes. Meio pessimista? “Eu não te vejo abandonando coisa alguma.”
Coisas pequenas envolvem esse blog, que tem 35 postagens, em nove meses. Não é algo que alguém chame de rápido. Mas antes isso do que nada. Se bobear pode ser uma meta pra 2010: postar mais aqui. Não que eu esteja prometendo nada. Não que alguém esteja ligando. É só uma questão de achar que estou fazendo algo útil.
Desvirtuando tudo, esses dias fiquei sabendo que fui chamado de perturbado, por uma amiga do meu irmão, que eu nunca pensei que lesse o que eu escrevo. Que eu nunca pensei que existisse. Se ela diz, quem sou eu pra desmentir. Não acho que o que eu escrevo tenha tanta profundidade, principalmente as últimas coisas que escrevi, que são umas baitas merdas. Os de antes, eram melhores. O segredo está em não pensar no que escreve, enquanto escreve (e não escrever sem querer escrever). Antes era mais fácil, mas isso não quer dizer que eu era mais produtivo. Pode ser porque essa idéia perdeu o brilho, que eu perdi o jeito de escrever ou ambos. Não que seja uma preocupação tremenda meu deus do céu tenho que escrever pro blog o quanto antes. É só uma página aberta. Se eu escrevo não quer dizer que eu tenha algo a dizer, se eu não escrevo não quer dizer que eu não tenha. Mas eu devia fazer o esforço. Por mim, mesmo. Tentar destrinchar coisas mais banais, sem parecer um idiota falando disso. Só pra deixar aqui, registrado. É como fazer anotações de um livro.
Partindo pra outro ponto, venho revendo o que penso sobre leitura. Eu gosto de ler, mas sou lento lendo. E por sinal gosto da idéia de ler. Às vezes passo mais tempo pesquisando sobre tal livro, do que lendo tal livro (Arco-Íris da Gravidade, Ulisses, estamos aí). O problema pode ser preguiça, mas eu sempre posso jogar a culpa pro calhamaços em si, cheios de gordura e digressões e dificuldades. Certo que isso é o que os torna tão atraentes, mas enfim. Esses dias, fui pesquisar sobre Infinite Jest, do David Foster Wallace. Pelo que pareceu, esse livro, de 1079 páginas, faz os dois citados parecerem livros de mocinha. Certas notas de rodapé tomam mais de dez páginas, e elas mesmas têm notas de rodapé! A maioria das resenhas são marromenos, mas é incrível ver como as pessoas se dedicam lendo isso: anotando, refletindo, tentando entender. Até fazem blogs pra comentar a leitura, enquanto lêem. Eu não tenho tanta atenção e dedicação pra fazer isso, mas por sinal comecei mesmo assim, fazendo algumas anotações e marcando páginas que tenham algo interessante. Talvez até parta pra idéia de relatar o desenvolvimento de alguma futura leitura. Algo como um diário. Um diário virtual. Isso sim seria inovador!
Corta. Minha habilidade de falar besteira pouco aproveitável tem se mostrado problemática. No decorrer do mês, por causa de uma apresentação, com ensaios de 12 horas (vale SALIENTAR a tensão), tive que conversar com pessoas que eu só conhecia de vista, pra aproveitar a oportunidade e talz. Ofendi grande parte, e deixei a impressão de ser um imbecil pro resto. Até esclarecer que eu não estava falando sério na maioria dos momentos. E daí vem aquela cara de “AHAM”. Por sinal, eu sou o único que ri das piadas, quando elas são tão ruins, e elas sempre são ruins. Pode ser porque eu não quero transformar uma conversa de boteco em algo sério. Daí o fato das pessoas acharem que eu estou brincando, quando falo sério. Talvez seja como a Lira já me disse, talvez falte maturidade, pra não parecer que eu estou apenas repassando coisas só pra saírem bonitas. Só pra parecer inteligente. Não que eu almeje um, e seja o outro, mas no fim, tem uma linha tênue entre ser genial e ser um imbecil. Isso é uma citação, por sinal, mas aí você diz em qual lado eu estou.
Três da manhã, e amanhã, ou hoje, tenho que acordar às nove. Mas há coisas importantes a serem expostas. Importantes pra mim, diga-se de passagem.
Hoje, fui chamado prum churrasco com uns amigos, que não vejo faz relativo tempo. Foi do nada, me falaram disso no começo da semana, mas nem deram mais bola, até que me ligaram hoje de tarde, dizendo preu levar um refrigerante, que já tinha muita carne. Convites de última hora são sempre legais, mudam tudo que você ia fazer.
Pois bem, cheguei lá, e a primeira coisa que ouço é um “filho-da-puta-você-não-me-chamou-pro-seu-aniversário!” Fiquei 15 minutos pra esse meu amigo entender, que eu fiquei camelando pra achá-lo, mas não consegui. Depois tocamos a vida, e ele foi embora uma hora depois, depois de um chilique MONSTRO por temos ficado enchendo o saco, enquanto ele falava com a namorada. Coisas da vida.
Depois ficamos fazendo nada, conversando, comendo e jogando videogame. Esses caras que vão a barzinhos, tudo um bando de moças. Conversar tomando uma cerveja, nunca vai ser melhor que conversar, jogando God of War II. Isso abre pra reflexões, por incrível que pareça.
Mas o que importa não são as coisas que fizemos, e sim as conclusões que eu tirei de hoje, sobre meus amigos. Grande parte, eu não via há vários meses, inclusive o cara que saiu no meio da festa. A diferença é que ele, por mais peteca, eu considero um puta amigo, os outros sempre foram colegas bacanas e talz, nada mais. Isso muda o jeito de pensar, por mais que você queira manter do jeito que está. Óbvio que eu não vou deixar de ser amigo de ninguém, e muito menos ficar animado com amizades que podem não vingar. Foi legal no momento, talvez não seja legal sempre.
Dos que eu vejo sempre, só tinham dois. Um, eu conheci na quinta série, falando sobre Shadow of the Colossus. Genial. O outro, eu conhecia há tempos, mas só fui virar amigo mesmo, ano passado, depois dele me mostrar uma baita gostosa da nossa escola.
Eu sempre falo disso pra eles: porra, a gente começou a se falar pelas coisas mais bestas, e agora somos amigos. Talvez não grandes, sei lá, mas somos mais do que éramos antes, e isso já é bem legal.
Antes eu tinha relativo medo de ficar sozinho, futuramente, quando meus amigos deixassem de buscar as coisas do passado. Eu descobri, que é só fazer parte do presente, e não ficar se sustentando em coisas que já passaram. Além disso, sempre vai ter alguém com quem você possa falar sobre videogames e bundas, é só questão de procurar.
Tenho algumas considerações sobre música. Eu posso até não entender nada, mas até aí, um monte de gente escreve sem saber também. Não é pra ofender ninguém, nem me colocar acima de outras pessoas. É só uma opinião, você interprete do jeito que quiser.
1) Acho extremamente imbecil, quem se deixa levar pela idéia geral, e fica por aí dizendo que tal coisa é muito bacana, sem nem ao menos ter ouvido. E pior que isso, é quem acho um absurdo fulano não ouvir tal banda. Como se não gostar de Beatles, te tornasse um idiota, musicalmente falando. É só uma banda, porra, você consegue tocar sua vida de boa sem nunca ter ouvido o White Album. Mermo que talvez, ela fique mais satisfatória, se você fizer isso. Curtir algo é legal, quando é genuíno. Óbvio que cada um coloca bandas diferentes no seu pedestal, mas não quer dizer que elas sejam as melhores.
2) Ninguém é especial, porque ouve uma banda que ninguém conhece. Ouvir coisas que passam longe de serem conhecidas, é legal, mas daí pra ficar se achando melhor que os outros... Por outro lado, é uma baita babaquice, quem se recusa a ouvir coisas novas, nessa levada. Parece que tem medo, porra. Baixe, ouça, se não gostar delete. Pink Floyd é bem bacana, e Boredoms também. A diferença é que uma, grande parte das pessoas conhece, a outra não.
3) Ficar travado em um só tipo de música, é uma tremenda falta de vontade. Tem um monte de coisas legais por aí, que não incluem guitarra, baixo e bateria. Pelo menos não juntos.
4) Por fim. O feijão com arroz, é legal, mas pruma banda ser realmente boa, ela tem que fazer as coisas de um jeito diferente. Pelo menos pra mim. Os Beatles só começaram a ser legais, a partir do Revolver, usando mais uma vez, o único exemplo que eu tenho. Claro que as influências estão lá, vai ter sempre uma olhada pra trás, mas é legal algo novo, com pouco ou nenhum traço de alguma outra coisa. É por isso que bandas ditas obscuras são queridonas, difícil achar algum que faça algo igual à outra. E esse papinho de ‘nada é realmente novo’, pode ser descartado sem dó. Se for assim, ninguém precisa se esforçar pra fazer nada diferente.
P.S.: esse é um exemplo incrível, de como se expressar mal, perder credibilidade nas ruas, e espalhar opiniões mal pensadas, de uma só vez. Talvez delete isso futuramente, se eu não gostar.
Ultimamente, venho me perguntando pra que tenho esse blog, sendo que grande parte do que eu escrevo, não posto. Normalmente são coisas pra mim mesmo, não pra todos. Eu falo de mim, mas não precisa ser tanto sobre mim.
Meu irmão chama seus posts sobre si mesmo, de auto-análises (ou autoanálises). Parando pra pensar, isso é só o que eu faço. Minhas histórias curtas, são coisas que eu achei na escrita um jeito de mostrar, meus desenhos a mesma coisa, e até as resenhas, são um jeito de falar sobre mim, já que o que eu resenho, de alguma forma faz parte de mim, é algo importante e talz.
Falando assim, parece pretensão achar que alguém quer ler o que você escreve sobre si mesmo, sendo que isso só é interessante pra você. Mas novamente, ler uma resenha é ler parte de uma pessoa. No fim, isso só serve pra falarmos de nós mesmos.
Ou não, essa nem era a idéia original disso. Era dizer que eu venho andando em círculos sobre como escrever. Não consigo escrever nada sobre nada, nem historinha, nem resenha, nem nada. Dae eu escrevo sobre como é difícil escrever, pra esconder a falta de inspiração/assunto/criatividade. Pelo menos isso quer dizer que, teoricamente, eu estou ou tocando melhor, ou desenhando melhor. E vale frisar, que essas são minhas únicas skills, como diria o porco.
A pontada de amargura de ver isso sendo entregue às moscas, também é um motivador. Porra, eu fiz isso, agora tenho que ir até o fim, seja lá onde isso der.
Fico meio puto, com essa idéia de só fazer as coisas pra atingir sucesso, ganhar dinheiro e essas coisas. Claro que não dá pra viver fazendo as coisas de graça, mas se mover apenas por isso, é coisa de idiota. Não pensar se algo te agrada, ficar parado na idéia de que se isso agrada aos outros, é o que deve ser feito. Nesse caso, vale ser egoísta, e segurar tudo, até você achar que está bom. Como diria o clássico, “escreva o livro que você quer ler”. O mesmo se aplica pra tudo. Eu acho, pelo menos. Essa é uma opinião mal formada, sem pensar muito, só uma coisa que eu achei digna de um texto.
Musicalmente, essa coisa de lapidar ao máximo, até o resultado sair agradável, é uma coisa bem difícil. Mesmo porque, o meu ótimo não é o seu, e assim por diante. Não funciona sem uma concordância. Principalmente numa concordância, em não pensar nos outros, só no que você está fazendo. Isso é uma conseqüência. Não quer dizer nada ser aplaudido por um monte de gente, por algo que você não acha bom. Vale mais não ter as luzes sobre você, mas saber que você fez o melhor que você achou possível. E que isso te agradou.
Mais difícil, é tirar da cabeça a idéia de que é agora que as coisas devem ser feitas. O que pode ser, mas não é uma obrigação. As bandas de que eu gosto, começaram antes de qualquer um pensar em um terceiro filho. E quando eu nasci, muitas delas já tinham discos lançados. Já eram “velhos” de 20 e tantos anos. Não é tanto tempo. Tem coisas que eu quero fazer, mas às vezes esqueço que as pessoas em quem me espelho, musicalmente, tem trinta anos de experimentação nas costas. Eu tenho três, dos quais apenas um pode ser considerado realmente produtivo. Não adianta querer adiantar coisas que só o tempo vai me dar. Pode ser uma forma travada de pensar, mas pelo menos dá algum conforto.
Primo da morte, Molloy, Moya, bebê-o, é meu meu meu, babando, assistente pessoal, modernoso ao máximo, Absurdo. Volta pra casa, cachorro na porta, 10 anos. Ou 20? Herói, alegria-ce, corruptela. Compactuo, balburdia, caiu. Tonto, zero ponto cinco, facada, estranho. Faz sem ponto algum lê de uma vez não respira nem pára não pausa não dá tempo não fecha continua depois nem faz marca vírgula ponto exclama pergunta desconheço amigo é perigoso isto junta não une sim sim sim sim sim sim
Constatei que sou uma pessoa sem capacidade de foco. Ou sem capacidade de foco em mais de uma coisa, ao mesmo tempo.
Não consigo me interessar pelo violão, quando me interesso pelo desenho, e não consigo me interessar pelo desenho, quando me interesso pela leitura. E não consigo me interessar em nada, quando me interesso em fazer nada.
É difícil parar de ler, pra tocar violão. É difícil parar de desenhar, pra ler. Quanto mais uma coisa vai ficando interessante, mais eu não quero deixar de fazê-la. Tanto que é raro, eu desenhar e tocar violão no mesmo dia, por exemplo. Todo o esforço e vontade vai pra um só. Tentar alternar, não rola.
Talvez isso seja bom, pelo menos não deixo algo de lado, quando realmente engato nisso. Mesmo que a pilha de livros desminta esse fato.
Enfim, com essa constatação, constato que meu cérebro, outrora líquido, não simpatiza muito com muitas tarefas, e meios de expressão, ou informação.
Agora, como vocês podem ver, meu foco é na tentativa de escrever algo bonito, cheio de frescuras e palavras bonitas. Daqui uns dias volto a escrever sem saber escrever, do jeito que fazia antes; logo que me focar em alguma outra coisa.
Li um texto, sobre o país e a situação do governo. Refleti sobre como não tenho conhecimento algum sobre isso, e como não entendi algumas passagens. Olhei pra TV, vi uma video cassetada, e rachei.
Barulho caricato, uma voz filha da puta, uma banda a altura, e 30 faixas. Isso é “Suspended Animation”, do Fantômas, umas das setenta e sete bandas de Mike Patton, que por sinal manda bem em todas.
“Suspended Animation”, de acordo com o que a Wikipedia me diz, é um disco conceitual, que pretende ser um “tributo” aos feriados obscuros do mês de abril; tanto que cada faixa, é um dia do mês. Mas já ouvi papos por aí que também é a narração, do mês que um sujeito passa em coma. Daí o nome, “Suspended Animation”, ou animação suspensa.
Enfim, o disco, apesar de barulhento, não se encaixa ao lado de coisas como Lightning Bolt e Hella: o barulho não é violento, e não transforma seu cérebro em mingau. No lugar da brutalidade, aqui o barulho é todo trabalhado, com grande destaque pra voz, que por sinal merece, e que conta com vários efeitos, que vão desde sons de desenhos animados, a bizarrices tiradas de sei lá onde. Vale notar que, apesar de menos denso e pavoroso, o álbum é bem frenético, e passa bem rápido, visto que grande parte das músicas não chega a um minuto, quando muito nos dois.
Não dá pra fazer uma análise faixa por faixa, por motivos óbvios, mas fica a garantia, de que o disco é sensacional.
E se você acha 30 faixas algo doente, fica o aviso:
Fantômas, o primeiro disco da banda, tem outras 30 faixas, cada uma representando uma página de um quadrinho.
The Director’s Cut, é um disco só de versões de temas famosos do cinema, de Poderoso Chefão e Cape Fear, a Der Golem e The Omen. De longe, o mais acessível, e também muito bom.
Delìrium Còrdia é a tensão em forma de música: uma faixa, de 74 minutos, que serve ou como trilha prum filme de terror, ou pra uma cirurgia sem anestesia.
Uma pausa, pra reflexão.
Bom, comecei falando de um, terminei falando da discografia inteira. Pelo menos tiro alguns posts da lista.
Pra encerrar, “Suspended Animation” é um disco que vale a ouvida, independente de frescuras do tipo “isso ae não faz meu tipo de música” e variantes. Baixe, tire 43m46s pra ouvi-lo, e ouça. Qualquer coisa, só deletar e tocar a vida pra frente, mas fica registrado que eu ficaria um tantinho assim mais feliz, se alguém que lê isso ouvisse o disco. No mais, dê uma chance, e seja tragado prum mundo cheio de pirações sonoras, temáticas e até visuais, dependendo das dorgas que você tiver.
Três dígitos, parabéns, nascimento, independência. Cumprimento quem não sei, sabe de mim melhor. RG, parentesco e cidade. Engrena, conversa, relembra, relaciona. Distância, sem espaço, aperto, casa velha. Dinossauro Jr., Pavimento, manhã, preparação. Bora cantar, canta mais outra, canta de novo. Telefone, não veio, esculacho, descaso. Poema, de quem sabe, ouve, todo mundo. Recorrência, pensamento, deteriora, degenera. Lembra nada, nem sabe. Angulou, bateu, só correr pro abraço. Foi-se embora, sem planos de voltar. Sem previsão de quarto, três dígitos.
Manhã, chuva, caminho, prédio. Muros limpos, não por falta de tentativas de sujá-los. Caneta, lata, tinta, pincel. Medo, polícia, morador, transeunte. Reto, idiota, vira a curva, e some. Precaução, a pé, ver. Carro, porra!, depois, deixa quieto. Que vem, notar, silêncio, solidão, movimento. Não pensar, fazer, andar, fugir. Tentar, mas não agora. Outro, melhorar, rapidez é essencial. É, não ‘era’. Dar uma de wilson, esquina, família, muita malandragem, hein. Desdém, falcatrua, pra foder. Fica pra depois, mas não pra nunca.
Volta às aulas, fim de férias, e acabou-se a vadiagem. 16 dias sem escrever nada, e sem o ânimo pra mudar isso.
Podia escrever sobre o show do Little Joy, mas iria falar mais do pré-show, do que do show em si, então fico devendo. O que importa, é que foi fantástico, esse último fim de semana das férias suínas.
Quando o disco do Lightning Bolt vazar, mostro a resenha da mais nova ferramenta de derretimento cerebral.
- Véi, seguinte, bora comigo ver uns sprayzes? Depois a gente vai pra casa da Marina, ela chamou pruma janta e talz.
- Quando?
- Hoje, ué.
- É, isso eu entendi. Mas que horas?
- O spray ou a janta?
- Os dois.
- Spray daqui uma hora, eu passo aí, a gente vai. Janta, lá pelas sete, a gente vai junto.
- Tu sabe quando tu tá ficando velho, quando teus amigos te chamam numa segunda, pra um jantar, manow.
- Bem isso mesmo, mas tá na hora de virar gente, né?
- Marromenos.
- Então buenas, passo aí daqui a pouco.
- Tá.
Desliga o telefone. Vai comprar uns sprays, pelo menos pra treinar. Quem sabe até consegue usa-los no sábado.
Roberto resolveu falar com o porteiro, amigo dele; qualquer coisinha que ameaçar foder o graffiti, ele dá um toque. Uma semana, é o tempo que a pintura vai ficar no muro, limpinha. Depois disso, outro alguém manda algo, ou fica coberto de pixo. Mas não tem problema.
Toca a campainha.
- Porra, cara, duas horas que eu tô te esperando!
- Foi mal, atrasei.
- Bora comprar isso rapidin, e ir pra casa da Marina. Quem vai?
- Eu, você, a Fernanda, Renata, Fábio, Marília, o Manow, Ricardo e a Juliana.
- Juliana?
- Desconheço, amigo. Ela me disse que ia, só. Amiga das meninas e talz.
- E o Roberto?
- Foi viajar ontem.
- Vocês não iam pintar o muro lá do prédio?
- Sim, vai rolar e talz, ele volta quinta.
- Ah sim.
Compram os sprays, bem rápido, 5 latas. Trocou um livro e duas canetas por isso, bom que valha a pena, no fim (o que ele sabe que vai). Cinco horas, com serviço feito, e sem lugar pra ir. Ligam pra Marina.
- Alô?
- Marina?
- Fulano?
- Isso. Então, eu tô aqui com o Rodrigo, cê tá na sua casa?
- Não, tô no mercado, comprando as paradas pra janta. Por que, cês queriam ir pra lá?
A formatação não voltou ao normal, e os posts antigos também foram afetados. Ou seja, nada nem ninguém está a salvo das frescuras do seu browser.
Mas como essas coisas não são obstáculos imponentes na luta de um estudante para disseminar suas opiniões sobre coisas inúteis, eis que hoje, farei não um, mas dois posts! Você não se sentia assim tão avantajado, desde o “quer pagar quanto”, das Casas Bahia.
Enfim, o primeiro post será um Top 5 discos definitivos, mas pra evitar bichices do tipo “aaaaaaaah, sifuder, o Revolver não tá em primeiro?”, vou sempre selecionar um tema, quando a lista for sobre discos.
Hoje, Radiohead, a banda queridona dos que gostam de música boa, e minha preferida, sem dúvidas. Não que minha opinião tenha alguma credibilidade, mas e daí? Toma-lhe:
Top 5 Discos Definitivos do Radiohead
5) The Bends
Eu me pergunto, mesmo, como alguém como ter esse disco como o preferido. É bom, sim, mas é tão “menos bom” que os outros: as músicas são homogêneas, não há nenhum atrativo grande nelas, a audição é arrastada e, pelo menos pra mim, só seis músicas do disco são muito boas. Metade, sim, mas podia ser o disco todo. São elas: Planet Telex, The Bends, High And Dry, Fake Plastic Trees, Just e My Iron Lung. As clichês mermo. No fim, vale ser ouvido por essas seis, mas pelo resto, não.
4) Hail to the Thief
Esse disco tem três pérolas, que merecem ser lembradas até o fim: 2 + 2 = 5, Go to Sleep e There There. Elas, só por elas, já valem o disco todo. Sério. O fim de There There, com o seu “we’re accidents waiting to happen”, é destruidor. Mas como um disco não é feito de 3 músicas, temos que falar das outras, que apesar de pecaram às vezes, não merecem ser apontadas e ditas como ruins. Isso vai de cada um, porque pra mim, nenhum é pra se pular. Myxomatosis, The Gloaming, Where I End and You Begin e Sit Down, Stand Up, porém, merecem ser apontadas e ditas como muito boas.
3) In Rainbows
O terceiro posto nessa lista sem credibilidade, não tira o mérito. In Rainbows, acho que, não tem nenhuma inédita, mas isso também não tira o mérito e mostra, ainda, que o Cabeça de Rádio não dá sinais de que vá decair. Nenhuma ruim, pelo menos aos olhos técnicos. Pra mim, All I Need e House of Cards são as únicas dispensáveis, mas o resto, preenche a lacuna. A quase fúria de Bodysnatchers, a sinceridade e o pessimismo de Nude, a delicadeza de Faust Arp e o desencaixe de Jigsaw Falling Into Place, são espetaculares, e o álbum, de todos os dos Radiohead, é o relaxado na audição. E isso é só mais um ponto positivo.
2) Ok Computer
Ok Computer é espetacular, sem erros, com músicas que despertam sentimento em qualquer um. Pra um monte de gente, a obra-prima do Radiohead. Citar as melhores, é meio complicado, visto que de 12 músicas, 11 são incrivelmente boas. Mesmo. Mas só pra falar por cima, Airbag, Karma Police, Subterranean Homesick Alien, Lucky, No Surprises são as que mais merecem destaque, junto com Paranoid Android, a melhor do disco disparada, e uma das melhores do Radiohead.
1) Kid A
Mais de uma ouvida é o necessário pra quebrar a barreira que esse disco cria, entre ouvinte e música. É denso, é confuso, e até chato, no começo. Porém, depois de passar pelo maior obstáculo, o disco começa a tomar uma forma incrivelmente boa: toda música, tem algum coisa pra te fazer pensar “caralho, isso é genial”, seja a letra, ou o instrumental, que não peca em momento algum. Mas isso é lugar-comum pra banda. O que não é usual, não é a supremacia instrumental, e sim como isso se dá: sinteticamente. Kid A marca uma mudança no Radiohead: as guitarras são deixadas de lado, e só são usadas em duas músicas. De resto, os componentes eletrônicos substituem as cordas, e isso só ajuda a tornar esse disco tão bom. Everything In Its Right Place, The National Anthem, How To Disappear Completely, Optimistic e Idioteque são absurdas, fantásticas, o que você quiser chamar. E Kid A, sem dúvida, é o melhor disco do Radiohead. Pelo menos até hoje.
Então pare de ler besteira na internet e de ouvir aquele pagodão, e vá baixar pelo menos um dos discos da lista. Todos valem a pena, sem exceção, e tu sempre pode elevar tua moral perante os indies, se dizendo conhecedor do Cabeça de Rádio. Ou você acha que as pessoas só curtem por ser bom?
Bom, é isso ae, a formatação do blog deu xilique, e espaça os meus textos, mais do que devia. Pensei que o problema fosse o Opera 10, mas na falta de muito espaçamento, o Firefox se contenta em não colocar espaço nenhum. Tomar no cu. Nem quando escrevo direto aqui, as coisas vão como deveriam, e daí tenho que adaptar.
Enfim, enquanto não arrumo isso, se é que tem conserto, posto esse desenho, ruim, que foi o primeiro que fiz, com um estojo de canetas que praticamente ganhei da Saraiva, junto com um livro. O homem é um desenho meu, a mulher era pra ser a Scarlett Johansson, em uma inspiração pós-Vicky Cristina Barcelona. Não ficou parecida, mas gostei do resultado final, mesmo assim. Por fim, o outro homem, deitado, foi copiado sem dó daqui; gostei do desenho, e achei que ficaria digno no meu próprio. Porque "o plágio é o verdadeiro método artístico moderno".
No mais, logo menos dou notícias do além-formatação ruim, continuo a saga dos pixadores bundões em "Nankin", termino a resenha da Trilogia do Sprawl (o texto já está pronto, inclusive), resenho Reconhecimento de Padrões, e comento a leitura do Arco-Íris da Gravidade, o calhamaço mothafocka de Thomas Pynchon. Tudo antes do fim das férias, já que as aular destroem minha vontade de fazer qualquer coisa.
- Já fez algum rascunho? – Roberto. - Já – Fulano. - Tá aí na mochila? - Aham. - ‘xô ver, então.
Pega a mochila, abre, puxa o caderno sem linhas, e joga em cima da mesa, no meio de dois copos, ao lado de uma garrafa. O resto do bar nem parece ver isso, mas se tudo correr bem, logo menos vão. Roberto abre o caderno.
- É mais pro mei, os primeiros são mais antigos. - Quero dar uma olhada em tudo.
Vai folheando, algumas páginas recebendo mais atenção que outras, alguns a lápis, bem suaves, normalmente esperando um acabamento em nankin, que não vem por falta de grana pra arranjar a tal tinta, e as tais canetas; alguns feitos com Bic, ondulados pelas camadas de tinta exageradas; isso não volta a ser plano nunca. Depois do meio, por umas cinco folhas, frente e verso, páginas cobertas de desenhos, sem espaço vazio em nenhuma. Esses foram feitos direto em nankin, bem concretos, bem pensados e caprichados. Tem a esperança de mandar um desses em uma parede do prédio deles, com Roberto.
- Tu consegue mandar esses com spray? - Acho que sim. - Porra, acha? - Só usei umas vezes, não sei se consigo certin. - E como você quer fazer isso sem ter certeza? - Comé que tu quer que eu tenha certeza, se tudo que eu falo pra gente fazer tu dispensa?
Pausa.
- Tá bom. A gente escolhe alguns desses aqui e boa. - Sério? - É, ué. - E não tem perigo de dar merda, né? - Não, é lá fora, aquela porra é tão pixada que os manows já desistiram de limpar. - Certeza? - Carai, se você tá tão animado pra isso, vai e faz, porra. Se eles pegarem a gente, máximo que acontece é a gente limpar. Conheço o cara. - Entonces boa! - Sábado que vem. Vou arrumar uns sprayzes, e você arruma uns também. - Okay. - Garçom, mais uma, por favor!
Não queriam ter saído de carro, mas o frio, como a ameaça de chuva, é tamanho que os faz desistir. Fulano, Manow, Fernanda, e Marília.
- Tá parado faz quanto tempo? – Manow, no auge da amargura. Fernanda olha no relógio de mocinha, que conta até teus batimentos cardíacos: - Uma meia hora. - Puta que pariu, isso que dá sair essa hora, de carro! - E tu queria ir a pé de certo, nesse frio.
Olha os passantes na calçada, um monte deles. Nenhum tem medo do frio, ou da chuva, e se bobear estão voltando de suas saídas, enquanto eles malemá estão chegando.
- E aí, qualé a boa de hoje? – Fulano, puxando assunto. - Ficar preso num carro, tá afim? – Manow, puto. - Pode sair, porra – Fernanda, competindo, por sinal.
Silêncio. A cruzada do herói, toda a vontade de chatear, destruídas por uma amiga. O nível de amargura sobre, e ele resolve ficar quieto, bufando pra si mesmo.
- Fui num sebo hoje, fera pacas! – Marília, tentando responder a pergunta. - Qual? – Fulano. - Pera – Marília tira um cartãozinho de dentro da bolsa, passa pra ele. - Foda, vou dar uma olhada sasférias – guarda o cartão no bolso.
Mais um sebo na lista, mais uma porrada de livros e cds também, se o dinheiro no fim do mês permitir. Vida de universitário é issaê.
- Cara, olha lá – Manow, saindo do silêncio, e apontando, pra uma mulher sentada em um bar, conversando. - Quem? – Fulano, indo ver. - A Morena! - Quem é essa? – Fernanda, do volante. - Uma menina que eu saia junto. Mór tempo que não via ela! - Morena? Que porra de nome é esse? – Marília, tentando ver. - O nome dela, ué. Muito doida, por sinal. - AHAM, deve chamar Carol, sasporras comunzinha – Fernanda, fazendo todo mundo rir. - Nada, era descolada pacas – defende a honra, que não é tua. - Então vai lá ver – Fulano. - Será que dá? - Corre, se começar a andar fudeu. - Tá.
O engarrafamento, quando muito tenso, faz certas coisas com as pessoas. Nada pra se orgulhar, sair de um carro no meio da rua, pra falar com uma guria que talvez nem se lembre de você. Não custa tentar.
- Morena? – todo animado. - Manow! – lembrou, pelo menos. “E aí, o que anda fazendo?” e sascoisas dão uma aliviada no papo, e de repente, ele já é chegado de todo mundo na mesa. Morena fez isso quando a gente ficava, fez tal coisa também. Os amigos, do carro, olhavam há uns 15 minutos, sem ter saído do lugar em momento algum.
- Sifuder, meia hora parados, e té no congestionamento, ele fica com alguém! – Fulano, tomando o lugar de Manow no carro. - E eu?! – Marília. - Eu o que? - Não sirvo? Se endireita no banco de trás correndo, pra ver o rosto de Marília. - Sério?! - Não hahahahaha! - Cacete de agulha – volta pra janela, ver o amigo.
Ainda lá, tomando uma. Morena isso, aquilo e mais outra coisa. Mas a Morena de verdade, com uma baita cara de entojo.
- Daí outra vez, a Morena e eu...
Daí ele pára, ela fala alguma coisa, meio que constrangida, ele fica vermelho, e toma o resto da uma.
- Ques filhos da puta – bem baixinho, só pra ele.
Fala tchau, levanta e volta pro carro, em três passos bem largos.
- Que que foi? – Fernanda, que té saiu da pose de motorista. - Nada – puto pacaraleo. - Nada minha pica, pode falar! – Fulano, todo mundo rindo. - Porra, só cabou o papo, nem lembrava muito de mim. - O nome dela é Carol, né, faz moda aqui em São Paulo. Certeza! – Marília. - hahahahahahah. - Não, porra... é Beatriz... - Toma-lhe! HAAHAHAHHAHAH!
As ironias do engarrafamento, constata Manow, não terminam em saber que a gostosona descolada que dizem fazer artes, é uma mocinha que faz moda. Terminam em saber que, por mais 20 minutos, tem que ficar encarando o rosto dela, até o carro andar.
Pois bem, depois de uma resenha furada e rápida demais de Neuromancer, que por sinal não leva a lugar nenhum, tentarei a sorte no resto da Trilogia do Sprawl, indo agora de Count Zero.
A verdade nua e crua, é que esse livro, dos três, é o pior. Porém não deixa de ter seus méritos: a narração continua bem feita, os personagens são mais personagens (características próprias, destaques e talz, como a Molly) e aqui Gibson inicia um meio de contar estórias que ele vai usar tanto em Mona Lisa Overdrive, o terceiro livro, quanto na sua segunda trilogia, a da Bridge, e de forma ainda mais abrangente: narrações paralelas. Count Zero tem três, Mona Lisa tem quatro.
Count Zero gira em torno de três personagens principais: Bobby Newmark, Turner e Marly Krushkhova.
Bobby é um adolescente vidrado na idéia de ser um cowboy de ciberespaço, e segue os moldes construídos em Neuromancer de personagem ciberpunk, ou seja, é um ferrado. Mora em uma área marromenos de New Jersey, seu estudo é falho e sua mãe é uma viciada em novelas transmitidas por simstim (um programa normal, onde o espectador toma a perspectiva do ator, sentindo quase tudo o que ele sente, e vendo também). A história dele começa quando um amigo traficante de softwares, Two-a-Day, dá para ele um ICE-Breaker fodão (ICE é a barreira que protege os dados na matrix), que acaba fritando seu cérebro. Ele é salvo por uma imagem misteriosa, mas sua tentativa de invasão não fica por isso mesmo: após sair de sua casa para tentar descobrir o que aconteceu, uma bomba cai lá, cortesia dos criadores do ICE-Breaker, que é baseado em um biochip, que queria sua tecnologia novíssima, em segredo. Porém o software é roubado dele, e quando ele vai direto a Two-a-Day, perguntar que merda está acontecendo, ele fica sabendo que de ferrado, ele foi pra ferrado envolvido em um grande esquema.
Corta.
Turner é um mercenário especializado em fazer transferências de empregados de uma empresa, para outra, o que não é tão simples, levando em conta que os empregados importantes são mantidos prisioneiros. E o que ele quer transferir, é o criador do biochip, Christopher Mitchell, preso na arcologia da Maas, uma corporação que, junto com outra, praticamente monopoliza a fabricação de novas tecnologias no mundo. Depois de certa enrolação, o plano começa, e a idéia era Mitchell fugir da arcologia, para encontrar Turner e os capangas. Mas o que rola é que Ângela Mitchell, sua filha, aparece, e imediatamente o lugar é explodido. Turner foge com Angie em um jato, e descobre logo menos que ela tem “circuitos” em sua cabeça, em formatos específicos e que são interpretados por ele como tumores, mas que na verdade são como uma conexão wireless. Com isso, Angie consegue entrar na matrix, sem um console. Seu grande esquema é descobrir quem explodiu o lugar, o que ela tem em sua cabeça, e deixá-la em segurança, já que o pai morreu no dia seguinte. Vale notar que ele pode até não rancar teu coração, mas um outro órgão, sim.
Corta.
Marly é uma artista belga, que mora em Paris, e que aos trancos vai se mantendo, depois de ser acusada de vender uma peça falsificada, em sua já fechada galeria. Sem explicação nenhuma, ela é contratada por Herr Virek, um bilionário mothafocka, para encontrar o criador de caixas que lembram as de Joseph Cornell, só que absurdamente complexas, para que ele possa ter seu corpo de volta, já que no momento, ele é um container cheio de órgãos, e uma consciência viva não me pergunte como. Com todo dinheiro que precisa, mais para o fim do livro ela atinge o apogeu de sua busca: o espaço. Depois de uma penca de capítulos zanzando por Paris, ela busca em estruturas espaciais abandonadas o criador das caixas, mas decide não colaborar mais com Virek. É a única personagem que não se relaciona com as outras de maneira direta, e mesmo sua narrativa rela nas outras de forma rápida.
Basicamente, é isso. A nova forma narrativa não serve pra deixar o livro aquela maravilha, e o fato de apenas a parte de Marly ser muito boa não ajuda nisso. No fim, nada incrivelmente bom, e nem memorável, que funciona como parte de uma trilogia, mas como livro solo, não colocaria muita fé.
the car's on fire and there's no driver at the wheel and the sewers are all muddied with a thousand lonely suicides and a dark wind blows
the government is corrupt and we're on so many drugs with the radio on and the curtains drawn
we're trapped in the belly of this horrible machine and the machine is bleeding to death
the sun has fallen down and the billboards are all leering and the flags are all dead at the top of their poles
it went like this:
the buildings tumbled in on themselves mothers clutching babies picked through the rubble and pulled out their hair
the skyline was beautiful on fire all twisted metal stretching upwards everything washed in a thin orange haze
i said: "kiss me, you're beautiful - these are truly the last days"
you grabbed my hand and we fell into it like a daydream or a fever
we woke up one morning and fell a little further down - for sure it's the valley of death
i open up my wallet and it's full of blood
__________________
Basicamente a letra de "The Dead Flag Blues", do Godspeed You!, que faz parte de um roteiro inacabado de um dos membros da banda. Achei válida a disseminação disso pra três pessoas.
Resenhar o F#A#Infinity, disco que contém essa e mais duas músicas, que batem na casa dos vinte minutos, é uma missão futura, por sinal. Aguardem.
Preciso me livrar da preguiça de ler, em primeiro lugar, parar de colocar outras coisas acima disso, e terminar os trocentos livros já começados, e os dois fechadinhos. Escrever idem, venho tentando mandar algo desde sábado, e nada. A principio, tenho vontade de falar sobre Reconhecimento de Padrões, do William Gibson, mas mesmo tendo muitas coisas a dizer, ainda não terminei. Ainda. Pois bem, unindo minha vontade de escrever, minha vontade de ler, e minha vontade de escrever sobre o que li, começarei a resenhar a Trilogia do Sprawl, também do Gibson. Primeiro, Neuromancer, o clássico do autor, seu primeiro livro.
Na sua estréia, Gibson definiu os moldes do cyberpunk, criou a matrix, inventou o termo ciberespaço e praticamente ditou os primeiros conceitos de internet, sem nunca ter visto um computador. Uma pausa pra você refletir sobre.
A história gira em torno de Case, um hacker fodão que, após roubar de um de seus contratantes, é pego e, como “punição”, tem seu sistema nervoso sabotado, e fica incapaz de se conectar à matrix. A partir daí, a merda bate no ventilador e ele atinge o fundo do poço: vai para Chiba City, no Japão, lar da medicina ilegal, para tentar se recuperar do ocorrido, e como nada dá certo, passa a se virar como pode, assaltando e matando pra isso, num overdrive terminal, como ele próprio define. Daí temos o modelo do personagem cyberpunk: Case, 24 anos, drogado e prostituído. Um fracassado que de repente se vê no meio de um esquema bem grande, que logo menos será comentado.
No começo do livro, enquanto as peripécias que o levaram até ali são narradas em paralelo, vemos Case no meio de outro esquema, que não fazemos idéia do que seja. Esse começo dá uma noção do que vem no resto do livro: uma sensação de desorientação, de não saber o que está acontecendo, em momento nenhum. Enfim, apesar da dificuldade de se localizar nesse novo mundo, o primeiro capítulo serve basicamente para mostrar quem é Case, o que é Chiba City e como é esse mundo em que ambos se localizam. E pra indicar a introdução de Case no realmente grande esquema.
Depois de se ver seguido por um desconhecido, e de se foder no processo de fuga, ele volta para seu caixão na beira do porto e vê que foi invadido. E é aí que entra Molly Millions, a fodona das fodonas em rancar órgãos, com olhos de espelho e garras embaixo das unhas. Outra pausa para uma reflexão nerd punheteira.
Daí pra quarta parte, acompanhamos o desenvolvimento do esquemão, que não é bom dizer, pra não tirar a graça de futuras leituras. Na quarta parte em questão, vemos a execução do plano, que envolve inteligências artificiais, arcologias espaciais, rastafaris tr00s e passagens igualmente engraçadas, intensas, difíceis e marcantes. Certos diálogos e momentos são pra ficar na mente por um bom tempo. No fim, esse livro não deixa a desejar: o enredo é fantástico, os personagens são incríveis, algumas passagens são realmente frenéticas e o final disso tudo é de botar um sorriso no rosto de qualquer um. Li há um tempo que essa turba de informações por página foi uma tática do Gibson, para não perder leitores, e cacete, funcionou muito bem!
Vale a pena ler, assim como toda a Trilogia do Sprawl.
Mais um dia de férias, e mais dois filmes: Trainspotting, que reassisti, e 20th Century Boys, esse novo mesmo, também japonês. E como não tenho cojones pra resenhar Trainspotting, o clássico cult modernoso de quem não tem coragem de usar heroína e acha a coisa mais cool do mundo, vou me contentar em resenhar 20th Century Boys.
O filme é baseado no mangá de mesmo nome, que começou em 2000 e viu seu fim em 2006; a data do filme, desconheço amigo. O diretor idem, os atores nem se fala, mas pelo menos dá pra sacar que é melhor que “Ichi, the Killer”. E ai se não fosse: 20th Century Boys é uma trilogia, que reza a lenda é um dos projetos mais ambiciosos do cinema japonês. Infelizmente, não sabia disso e vi apenas o primeiro filme na esperança de entender a história, já que não li o mangá até o fim (shame on me). Minha felicidade ao ler “to be continued” foi uma coisa indescritível.
Enfim, apesar de não totalmente terminado, o filme não desaponta: tem a cara de produção amadora dos filmes orientais, mas com um profissionalismo que você sabe que está lá. Como um filme que por definição é “alternativo”, mas não tenta ser. Ou algo assim, a madrugada eleva meu índice de abstração preguiçosa. Além disso, é bem fiel ao mangá, pelo menos até onde eu li, e cenas como o personagem principal tocando 20th Century Boy, do T. Rex freneticamente, são fodas demais. Obviamente, outras cenas são tensas de tão amadoras, mas isso não interessa.
A história gira em torno de Kenji, um musico frustrado, que tem uma loja de conveniência às moscas e uma sobrinha bebê cuja mãe fugiu sem motivo aparente. Um ferrado na vida, porém bem carismático. Certo dia, ele é informado do desaparecimento de uma família que comprava cerveja em sua loja, e no auge de sua amargura, ele não dá a mínima e só se importa em ir buscar os engradados na casa abandonada, porque perder dinheiro é pros que tem coração. Pois bem, quando está deixando a casa, vê desenhado na parede um símbolo que ele e uns amigos criaram na infância, e conforme vai conversando com esses amigos, descobre a existência de uma seita de zumbis que segue um tal de “Amigo”. O “Amigo” usa o tal símbolo, e por isso todos ficam convencidos de que ele foi um dos membros do grupo antigamente. Partindo disso, começam a relembrar suas peripécias, e quando um vírus maligno se espalha pelo mundo, exatamente como haviam escrito em seu “Livro da Profecia” tantos anos antes, eles começam a entender que aquilo é muito maior do que eles acham que é: o “Amigo” está recriando o fim do mundo que os meninos descreveram em seu Livro, combinado para o último dia do século XX.
E daí o filme vai, nos seus 40 minutos finais, de muito bom, pra mediano, às vezes bom. Muito corrido, diálogos clichês e atuações fuleiras, um contraponto ao resto do filme, que é muito bem feito.
Vale ainda dizer que é estranho ver um filme japonês sem violência retardada, Yakuza e surrealismo tenso. Não que isso seja ruim, pois ele tem enredo, diferente de outros.
Por fim, é mais casual que Ichi, e esse merece ser visto não apenas para fins de curiosidade. Realmente merece ser visto, juntamente com o mangá.
Certo, 3 da manhã e minha missão é escrever uma resenha sobre “Ichi, the Killer”. As vantagens das férias não tem limites, realmente. Eu assisto um filme, termino tarde, e vejam só, ainda posso escrever sobre, aproveitando o embalo, com a única preocupação de acordar minha mãe e de dormir metade do meu dia amanhã. Ou hoje. Enfim.
“Ichi, the Killer” conta a história de um chefão da Yakuza, Anjo, que todos acham que fugiu com todo o dinheiro de sua gangue. Mas o espectador fica sabendo que ele morre nos primeiros cinco minutos, então foda-se o suspense. Porém, um de seus comparsas, Kakihara, acredita que ele está vivo e corre atrás do seu chefe, acreditando que um tal de Ichi o matou. Ao mesmo tempo, um infiltrado da polícia contrata Ichi para matar a gangue de Kakihara, que ameaça uma guerra. Ou algo assim. O diretor disso é o Takashi Miike, do qual não sei porra nenhuma. Só sei que ele é japonês e que seus filmes envolvem muita violência e a Yakuza. E que isso forma uma equação que se define mais ou menos assim: diretor japonês + violência + Yakuza = filme perfeito! Certo? Marromenos. Pois é, “Ichi” não chega a ser um filme ruim, mas em relação a todas as expectativas, é bem decepcionante. Isso se dá basicamente por dois fatores: a) a história é confusa, você não consegue acompanhar o que está acontecendo, e por isso, depois de um tempo, você deixa de ligar pra isso. Ponto negativo, porque enredo importa. b) as cenas de destroçamentos, assassinatos, torturas e afins, são engraçadas. Engraçadas! Cacete, eu esperava ter que pausar o filme no meio pra dar uma respirada e aliviar a tensão, mas dá pra rir com essas cenas. “Violência Gratuita”, que é muito menos violento, é mais tenso que isso; pelo menos eles não usam uma computação gráfica fuleira.
Basicamente, esses dois fatores tiram um pouco da graça do filme. Mas daí vem a pergunta: se o enredo é paia, e a as cenas mais importantes também, o que sobra? Nada. A única coisa que te impede de dizer que o filme é uma merda é o fato dos personagens serem extremamente legais. Kakihara é um mothafocka sadomasô que está destacado no quesito “sou foda e ranco teu coração sem você piscar” (apropriação textual de frases, o futuro do jornalismo); um clássico vilão idiota, com aquelas idéias de “sou tão foda que ninguém me mata, então minha maior honra vai ser achar alguém que termine o serviço” e esses papos clichês. Um dos personagens mais c00l de todos.
Ichi, o assassino que dá nome ao filme, supõe-se ser mais fodão que todos os outros, o matador sem coração, sombrio e bom de briga. Mas não, ele é um baita bundão, só mata pra se vingar dos guris que bateram nele na infância, e faz isso chorando. Extremamente idiota, extremamente legal.
O resto dos personagens não é importante.
Kakihara, soco no zóio dos irmãos!
No fim, não há tantos motivos pra se ver esse filmes, apenas para fins de curiosidade mesmo, já que deve ter coisa melhor, pelo menos no quesito violência doente e enredo. Mas isso não desmerece o filme, no seu todo, porque ele tem uns momentos realmente bons, apesar de tudo, como o começo, com seu andamento rápido e muito bem feito, os momentos com Kakihara, maravilhosamente sádicos e estilosos, e o final, que possivelmente é a parte violenta mais bem feita.
A vontade de escrever abstrai a falta de assunto. Às vezes é bom só esmurrar palavras alheias, pensamentos do momento, ou mesmo coisas pré-definidas, porém pouco definidas. Vai sair um pouco da nova premissa do “bróg” de resenhar e mostrar o que eu faço, os textos ruins e os desenhos que talvez logo venham, mas ei, resenhar discos que não sejam uma sonorização de selvageria brutal para com o ser humano, é difícil, e os livros não acabam para serem destrinchados. Ainda. Mas para que me preocupar, se esses textos são para mim e para mais uma, no mais três pessoas? E pensando assim, não precisar pensar muito nos outros pra escrever o que escrevo é até bom. Ou não.
Enfim, venho pensando muito nos meus amigos. Como eu os trato mal e como eles me tratam mal. Óbvio que na maioria das vezes é brincadeira e, quando não é, ficamos dez minutos bravos e depois voltamos a ser tr00tas. Mas mesmo assim, é estranho o fato de um dos meus melhores amigos já ter sido alguém que eu queria evitar até o fim. Claro que ele continua sendo um baita filho da puta, mas nunca fui muito legal também. Aprender a deixar algumas coisas “passarem” e a não esperar o que eu faria, deles, me ajudou a não mandar um foda-se e não olhar mais pras suas caras. Agora no plural. Vale lembrar que meu plural é pouco, sendo que eu totalizo cinco amigos. Mas depois de um tempo aprendi que muita gente não tem nenhum. Só acho meio tenso o fato de não ter certeza se alguns deles vão estar lá quando eu precisar. Alguns eu sei. O problema é que acho que eles não sabem que isso pode vir de mim, e daí fica um pouco difícil de ter uma “troca” justa. Acho que fico muito ocupado falando idiotices e tentando não ser legal. Já que a) adoro irritar as pessoas, e vice-versa, no caso dos amigos e b) me conformei com o fato de que não sou legal. Daí os meus cinco amigos. Essa coisa de esperar o melhor das pessoas é idiotice. Ser simpático, ter interesse e ser agradável é um pré-requisito pras pessoas gostarem de você. Aparentemente, eu gosto das pessoas escrotas, sem frescurinhas pra dizer o que pensam. Óbvio que isso às vezes é ruim, pra você e para os outros. Mas no fim vale a pena. Quando você não é o único a desagradar alguém. Mas não sempre, claro. Às vezes é preciso omitir, e isso separa os escrotos legais dos escrotos realmente escrotos. Esses tipos normalmente tendem a não conseguir conversar com ninguém por dez minutos. Ou ele termina a conversa, ou o outro, sempre legal, perde a paciência e manda tomar no cu. Claro, também, que eu não vou dizer o que eu digo com os meus amigos a uma pessoa recém-conhecida. Seja pelo fato de nossas conversas serem uma grande piada interna muito da interna, ou pelo fato de eles serem ofensivas. Acho que dependendo da pessoa, vale a pena pensar no que falar, e ter interesse no que ela fala. Isso te rende princípios de amizades e, se a pessoa agüentar o seu verdadeiro ser, mais um amigo pra lista. Algumas pessoas não valem o esforço. Pode até ser pretensão, mas não valem mesmo. Faço questão de deixar claro que não gosto desses manows, e também não me interessa o apreço deles. E algumas merecem a omissão do que você está pensando, mas daí é pra evitar conflitos, ou porque você gosta dela, de um jeito ou de outro. Falando assim, parece que todos são uns grandes idiotas, mas não. As pessoas que me cercam são extremamente legais. Talvez por não ligarem para serem legais. Não tem cobrança da minha parte, nem da deles. Isso é ótimo, e ninguém sai “ferido” de algum comentário. No fim, nada como ter pessoas ao seu lado, ora. Outra coisa interessante, são pessoas que não conhecemos. Essas sempre são interessantes. E você sempre tenta ser o mais legal possível. Pra depois chutar o pau da barraca, claro. É legal conhecer alguém que você não conhece, e é legal até não conhecer quem você não conhece, mesmo querendo. Um pouco. Ver ocasionalmente, e mesmo que rapidamente, pensar no que ela pensa. Tem seus momentos. Mas é sempre ruim quando alguém não é o que você espera. É um mundo desabando, principalmente quando é alguém que você achou ser esperto. Mas essas coisas acontecem. E sinto que eu já fui a decepção de várias pessoas.
Agora, pessoas que “usam” pessoas, fazem doer a alma. Eu sou meio suspeito, pois só sou amigo de uma guria, porque ela está com um amigo. Namorados. É meio tenso pensar sobre, mas acho que sozinho, evitaria conversar com ela. Tamanha sua inconveniência. Mas o ponto não é esse. E sim o uso de pessoas. Falar com alguém apenas para esperar sua hora, sua carona, qualquer coisa. Quando isso é descarado, quando a pessoa não é próxima. E quando a relação se vai na hora. Acho que isso não é tão ruim. Mas dispensar os amigos por puro capricho, isso sim. Uma estória degradante: um amigo dos tempos da quarta série, se afastou de mim e dos meus amigos na oitava. Quando conversa com ele, ele soltava um “é, e pensar que eu andava com você e com fulano”. Sempre. Eu: “qual é o problema, pow?”. Ele: “ah, manow, você usava um brinquinho e fulano usava calça de MOLETOM!”. Minha fé na humanidade foi pra casa do chapéu depois dessa. O que tem haver as roupas de uma pessoa? Foi pior quando um colega disse que eu não pegava ninguém pois minhas meias eram altas. Qual a relação, se elas ficam cobertas pela calça. E se elas nem atuam em uma trepada? Minhas experiências dizem que se deve tirá-las. Reflitam sobre. Sobre o quão fúteis são essas pessoas. E sobre a teoria das meias. E ainda sobre como “trepada” é o pior sinônimo pra sexo. Usei apenas pela situação. Ou não.
Então tu gosta de uma sonzeira pesada? Uns caras parrudos, suados e com cabelos enormes tocando suas guitarras o mais rápido que podem, soltando agudos ou graves que fazem você delirar, né? Coisa de macho, porra, ou vai dizer que qualquer um ouve isso aí?
A verdade é que sua banda de metal preferida é uma banda de donzelas virgens perto do Lightning Bolt, uma dupla muito dumal, que envolve só baixo, bateria e vocais que não passam de outro meio de fazer barulho. Porque é isso que os caras fazem, barulho. E do melhor. Distorções até onde é possível, ruído continuo e uma densidade extrema. Brian Gibson destrói o baixo “como se não houvesse amanhã”, e Brian Chippendale dá a “base” pra isso.
É por esse motivo que isso visa ser uma resenha do seu segundo disco (ou terceiro, dependendo da interpretação), o Wonderful Rainbow. Disco que, por sinal, já foi resenhado cinqüenta e sete vezes, e tem até uma lista no site dos caras, pra você ver todas. Destaque pra Pitchfork e pro Gordurama, que é a principal influência para mim. Percebam que estou tentando cada vez mais ser escroto e crítico.
Infelizmente, o que já foi dito exprime tudo o que é necessário saber: Wonderful Rainbow é um tapa na cara, bem dado, e com muita força. Ouvi-lo é algo pra ser feito uma vez ao dia, mais do que isso e você é tomado por tensão, o clássico aperto na garganta. Pelo menos pra mim.
“Hello Morning”, dá uma idéia do que vem pela frente, mesmo sendo uma pequena introdução, de certa forma até calma. E essa calma aparente dá lugar à explosão de “Assassins”, que é basicamente composta por partes levemente diferentes, repetidas sempre, como quase tudo do Lightning Bolt. Uma das mais agressivas do álbum, mas sem deixar de passar uma certa animação e, por que não, uma sensação de aperto, bem pequena.
Termina “Assassins”, e começa “Dracula Mountain”, uma das músicas mais tr00 de todas. Essa sim é formada por um loop doentio, com berros marcando as viradas e com um peso sem tamanho. Porém, no meio da música, essas repetições descambam pra uma mudança de ritmo e som que mostra realmente a que “Dracula Mountain” veio. Talvez a melhor do disco.
“Two Towers” começa da forma mais frenética que se pode: você não consegue entender o que está acontecendo, apenas pode torcer pra que isso não dure muito. E não dura. Após um minuto, Gibson chuta um pedal e começa a real porradeira da música, que se estende por nada mais nada menos do que sete minutos. Sete minutos de visões do apocalipse. Admito que é meio cansativa, mas depois de um tempo, você fica hipnotizado pelas camadas de barulho muito bem formadas, diga-se de passagem. Btw, esse é um dos méritos do álbum: apesar das repetições e do barulho que não pára por um segundo, você consegue perceber, por trás de toda a fúria, formações rítmicas que, por incrível que pareça, tem seus traços de beleza e parecem muito pensadas, apesar do imediatismo de Chippendale ao tocar a bateria. Ou ao surrá-la.
“On Fire” é, sem dúvida, a mais animada do disco, não com menos violência. Nenhuma nota é poupada, nenhuma chance de destroçar a tranquilidade é perdida por Brian, Gibson e Chippendale. Aqui a “voz” é mais ressaltada, mas é impossível de se entender, e só ajuda o barulho a se agravar. Depois de um tempo, como em “Dracula Mountain”, a música muda, mas fica lenta, e calma como “Hello Morning”. Mas apenas para estourar novamente em sua rapidez que, vale ressaltar, não é tão tensa quanto o resto do disco.
“Crown of Storms” começa com um “two hands” (vide google) fodido e após um espaço curto de tempo, é acompanhado por uma marcação da bateria e do próprio baixo que mostra da melhor forma toda a agressividade da banda: a vontade de invadir qualquer lugar com um tanque aumenta a cada nota tocada. E isso só piora quando os vocais entram, criando, literalmente, ruído e fazendo jus à tensão da música. Como na maioria das músicas até agora, mais para o fim, há uma “guinada de 360º” no ritmo, após um “pow”, que é usado quase em todo o álbum (que melhor jeito de representar uma explosão de barulho?), e a música deixa de ser um agente da destruição terrível para ser um agente da destruição terrível e, aparentemente, maníaco: os sons que saem do baixo, mesmo que por pouco tempo, são de uma doença leve, porém visível. Eu acho. Termina em ruído, aqueles clássicos mesmo.
“Longstockings”, mesmo tendo um instrumental ótimo e sutil, é chata. Pronto, essa é a verdade. Toda o caos da banda transforma-se em uma música lenta, que não empolga, mas não deixa de ser ruidosa. Não pule, sem ouvir.
A música-título do álbum, “Wonderful Rainbow” (ORLY?) é a mais calma já feita pelos caras, eu acho. Não chega a ser chata, por ser curta, mas o fato de ser formada apenas por umas notas se repetindo através de um delay e o vocal soltando apenas uns “tatata tatata”, sem bateria, não deixa a música ser tão emblemática.
Porém, ela funciona como “Hello Morning”: uma introdução para outra música. “30,000 Monkies” é a doença, nem um pouco leve nem sutil, chegando aos seus ouvidos, direta e assustadoramente. O baixo fica em uma volta sem interrupções enquanto a bateria é destruída. Depois de “Longstockings” e “Wonderful Rainbow”, é bom ouvi-la, como uma volta às raízes sangrentas do começo do álbum. Só comentando, o disco me diz “monkies”, mas o google me diz “monkeys”. Seria isso uma gíria? Nunca saberemos.
E daí começa “Duel In the Deep”. Os rangidos de um portão, ou estática do baixo, tanto faz, marcam o começo. Depois disso, a bateria vem entrando aos poucos, até o clima de terror dar lugar ao barulho já conhecido. A diferença é que, dessa vez, a música passa um desespero, como um “me tira daqui filhadaputah”, na palavras do Gordurama. É o aperto na garganta, com o qual você já se acostumou, volta com força total pra não te deixar esquecer de que você ainda está ouvindo o disco. E termina no rangido macabro novamente, mostrando que, agora sim, acabou. Suspeito que ouvir isso à noite, sozinho e no escuro te renda no mínimo um medo de ir até outro cômodo da casa, além de que, com sorte, você consegue invocar algo ao som disso.
Pra finalizar, segue um vídeo mostrando a performance ao vivo dos caras, que dizem ser o ponto alto de tudo, já que “os discos são como flyers dos shows”. E parecem ser mesmo, pois os shows, pelo que os vídeos mostram, são retardados: não há palco, a platéia cerca Gibson, Chippendale, e seus amplificadores absurdamente grandes que, acho eu, não aguentam dois shows sem um conserto. Algumas pessoas parecem estar em transe, ao passo que outros aproveitam a chance pra exteriorizar toda a fúria que a música passa. Tanto que, não é raro, você vê alguns caras caírem em cima da bateria, derrubando a porra toda.
No mais, ouçam o disco, deixem o cérebro derreter e não se preocupem caso babem no percurso.
Aaah, a música. Venho notando que só falo disso aqui. Música e tentativas de lirismo fracassadas. Mas pra que mexer em algo que batalha pra ficar marromenos? Vamos continuar com o clichê, escrevendo o que convém.
Música é uma maravilha, ouvir é ótimo e tocar, melhor ainda. Mas depende com quem, veja bem. Voltei para a minha ex-banda, e as coisas pareciam ter engrenado, té estamos nos dedicando a fazer uma coisa nossa. Mas depois da animação inicial de ter uma banda de novo, constatei que não, não importa o quanto se tente, seus parceiros nunca pensarão como você. Não dá pra convencê-los a tocar um instrumental de sete minutos, não dá pra convencê-los a tocar nem ao menos um Radiohead, tão bem arranjado. Pelo menos não quando seu baterista gosta de bandas de pop punk ou sei lá como se denominam sasporras modernas, seu outro guitarrista gosta de três músicas cretinas, seu vocal não tem opinião musical e diz não curtir muito rock, e você é o fresco da banda, que gosta de coisas que ninguém conhece. Assim não dá, assim não pode. Arranjar novos amigos não dá, demorei muito pra conseguir esses, e eles são meus tr00tas, independente dessas coisas. Arranjar uma outra banda não dá, demorei muito pra conseguir essa. Pensei em colar anúncios por aí, procurando alguém, mas não sou tão bom a ponto de selecionar alheios. Mesmo isso sendo uma puta oportunidade de descobrir pessoas com gostos parecidos. Idéia a se pensar. Bom, mas o assunto não é esse, e pensando agora, esse é um bom momento pra um Top 5 de piores coisas de se estar numa banda. Ou de se estar na minha banda. Então, vamos lá:
Top 5 Problemas definitivos sobre ter uma banda:
5) Instrumentos
Ter uma banda amadora começa mal pelo equipamento. Tocar com sua Stratocaster genérica e, diga-se de passagem, bem tensa, é de uma frustração sem limites. Cubinhos furreca, que não aumentam porra nenhuma, não seriam uma problema tão grande se o seu baterista não fosse um troglodita que esmurra sem dó a bateria, o que só piora pelo fato do quarto ser pequeno. Pela minha compreensão de acústica, um quarto pequeno não deixa as ondas se espalharem, daí ficam presas, daí atropelam todo e qualquer outro som... Ou algo assim, minha compreensão de acústica é muito pouca, quase nada. Concluindo: tenha grana, seja rico, e compre tudo do mais caro. Só depois disso monte uma banda, com Fender’s e Gibson’s e um lugar decente pra se ensaiar. Ou não.
4) Habilidade
Como ter uma banda, com instrumentos e músicas, quando, veja bem, você NÃO é bom no que você faz? É isso que venho me perguntando há tempos. Não que eu seja ruim, mas não que eu seja muito bom. Se formos analisar, eu sou o que melhor toca ali. Ou não, talvez seja um ataque egocêntrico. Enfim, as pessoas tem que saber o que fazem para terem uma banda. Quando o guitarrista me pergunta onde é o Si, eu perco a fé na humanidade: isso se aprende na segunda aula, caralho! O problema é que comprando o guitarrista analfabeto, tu leva de grátis o baterista que não sabe tocar mais que três bases, o vocal que, além de cantar como um participante do Ídolos, tem menos emoção que uma pedra, e o outro guitarrista, lento e cheio de má-vontade. Eu, só pra deixar claro.
3) Tolerância
Partimos do físico, pro emocional. Intolerância é o que não falta em uma banda, principalmente quando nenhum membro é parecido. A música que fulano escolheu? É coisa de viadinho. A letra que o manow criou? Nem a pau que eu toco isso. Impossível gostar de tudo que os outros sugerem, por mais que você tente ser legal e omitir certas coisas, ser sutil em comentários e afins, chega uma hora que não dá: é tanta idiotice que você tem que dizer com todas as letras: isso é uma merda! Se na vida em geral, segurar essas coisas já é difícil, em uma banda a coisa desanda de vez. E isso só piora sua relação com os outros, seja em questão de amizade, de banda, ou de ambos.
2) Repertório
Brevemente: do que eu gosto, um não gosta, e do que ele gosta, eu não gosto. Do que outro gosta, eu e nem os outros gostamos. Do que alguém gosta, ninguém gosta! Quando formar uma banda, além de ter grana, tenha certeza de que as pessoas nela são parecidas com você. Pelo menos algumas bandas vocês tem que ter em comum, senão não rola.
1) Convivência
Guiada pelo item número 3, a convivência em uma banda é uma merda foda. Mentiroso é aquele que diz adorar sua banda. Passar um dia inteiro com pessoas que não aceitam críticas, infantis e choronas é de amargurar qualquer um. Tu sai dali cansado, estressado, puto com todo mundo. E sempre rola uma briga. Mais uma vez, talvez seja porque somos diferentes demais, mas mesmo assim, dizer que não é assim que se canta algo, ou que tem que tocar mais devagar é motivo pra um chilique sem precedentes, com direito a ignoradas! Porra, se nós tivéssemos dez anos até ia, mas agora já tá na hora de agir que nem gente, né? Olhar pros seus próprios erros, admiti-los e aceitar críticas é fundamental pra qualquer relação.
Porém, depois desse Top 5 das piores merdas de se ter uma banda, eu aponto um motivo pra se adorar ter uma: quando as coisas dão certo, e você se vê tocando algo certinho, com seus amigos, felicidade é o que não falta. Coisa linda quando uma música vai sem erros, e todo mundo fica se achando demais por ter conseguido. Várias as vezes que chiliquinhos e climas tensos foram pro saco, depois de uma música terminada. Além disso, criar algo é ainda melhor! Sentir que você está fazendo as coisas é de engrandecer qualquer um.
No geral, uma banda tem seus muitos contras, mas seus prós fazem tudo valer a pena. Ainda mais quando tudo não passa de diversão despretensiosa. Ou não.
Certo, mais um dia, mais uma hora, horas, sei lá. Ando vomitando tudo que me vem à cabeça faz uns dias, sabe, e acho que isso começa a me fazer mal. Não durmo há tempos, e é raro ver alguém. Quando vejo, me apaixono no ato. A vontade de conhecer tudo dessa pessoa, vontade de ser seu melhor amigo. Tantas namoradas que já poderia ter tido, tantos amigos do peito. Só que isso não depende apenas de mim. Acontece. Uma hora as coisas acontecem. Ou não. Toc toc? Ou sim. Uma batida na porta, a essa hora. Um novo ser a ser devorado por meus olhos? Alguma vizinha gostosa, algum amigo já conhecido, o porteiro puto comigo por não abaixar o som? Atendo ou deixo passar? Um olho mágico nesses momentos seria de grande ajuda. Mas fazer o que, não é mesmo? Vou atender, quem sabe ganho algo.
Trick, a fechadura destrancou. A porta não faz barulho pra abrir. Olhões me encarando. Uma amiga gostosa já conhecida, dizendo que o porteiro disse pra abaixar a música. As coisas realmente são estranhas. Plaft, fechei a porta. Ela deitou no sofá, ligou a televisão, veio aqui sei lá por que. Disse que estava voltando pra casa, e decidiu dormir aqui, por preguiça. São de amigos como ela que eu sempre falei. Uns malucos que não fazem porra nenhuma senão ler, pensar e conversar, não interessa a hora, desligados de tudo. Pois também, ela é a pessoa mais bonita que eu já vi. Entre caras e meninas. Sei lá o que aconteceu pra ela virar minha amiga. Infelizmente, só a comi com os olhos mesmo. Acontece, também. Mas não devia. Ela pediu comida. Porra, ela aparece na minha casa no meio da madrugada, dizendo que vai dormir por aqui e mostrando que o que eu penso sobre não importa e ainda me pede algo pra comer? Eu devia até ficar puto, mas aparentemente dias sem dormir, álcool e solidão me transformaram em um bundão.
Click, a porta da geladeira abriu. Eu tenho pizza, e ela aceitou. Aproveito pra comer também. Um filme ruim no acompanhou nessa. Gosto de filmes ruins, de rir dos defeitos. Meia-noite. Perdi a noção de tempo, aparentemente. Ela deve ter chegado às 21 horas. Se eu pirar, essa vai ser a minha última lembrança sã. Tomara que cumpra bem seu papel. Ela pegou uns desenhos meus. Diz que gostou. Assim que eu ganho dinheiro, por sinal. Ilustrando coisas pra revistas, fazendo tirinhas pra jornais, coisas do tipo. Ela me pede pra desenhá-la. Sinto-me como o cara do Titanic. Tive 25 segundos pra dizer que faria um nu, apenas. Novamente, dei uma de bundão. Nem quando eu posso, consigo. Acho que isso soa meio machista. Mas enfim, se não for sincero, de que vale escrever essas coisas? Ela continua bonitona, mesmo de roupa. Saiu da mesa, onde eu estou, a propósito e voltou a deitar no sofá. Faço o desenho rápido, como um rascunho. Assim que eu desenho. Ela me pediu pra dar uma ajeitada. Disse que amanhã fazia. “Mas hoje já é amanhã”. Senhor, coisas assim, ainda mais seguidas de risinhos são o motivo de tanta paixão pelas pessoas. Mas dessa vez sou firme. Digo que só amanhã, amanhã mesmo. Ela disse que vai cobrar.
Ploft, a rolha do vinho sai voando. Quando uma menina me diz que vinho é coisa de viadinho, a coisa tá feia. Ou não. Acho que esse vai ser o golpe de misericórdia. Tomo isso e vou dormir. Se fizer efeito, com ela. Meu último relato são está pendendo demais pra minha excitação. Esse nível de escrotidão espantará futuros leitores. Se eu tivesse algum. Bebemos quase tudo. Duas da manhã. Agora sim é madrugada. Sinto que estou mais bêbado do que ela. Meu plano brilhante de levá-la pra cama periga não dar certo. Acontece. Mas definitivamente não devia. E assim caminho para mais um dia pensando em como seria ter dormido com ela. Ou com qualquer pessoa. Isso tem sido muito freqüente. Amanhã tenho que acordar, e me juntar com amigos homens. Assim não vou ficar me lamentando sobre o que não foi. Pelo menos espero. Agora meu plano maléfico começa a dar resultado. Ela me chama pro quarto.
O barulho de roupas caindo no chão é difícil de escrever. Ou descrever. Mas os aiais uiuis são mais simples. Podia descrever a cena e me tornar um cronista erótico, boêmio e safado. Mas sou o cara feliz, que vai compartilhar isso com ninguém. Ou apenas com seus amigos mais chegados. A não ser que isso seja estranho. Ou uma baita filha da putice. Resolvo depois. Nove da manhã. Dormi o que precisava, e agora tenho uma amiga na cama. Uma amiga já conhecida e gostosa que dá recados do porteiro pra mim. Não sei se ela vai ficar mais um dia, mais tantos dias. Mas isso eu já não esperava. Gostaria, mas enfim.
Certo, mais um dia, mais uma hora, horas, pessoa, pessoas, retratos, que se movem ou que ficam inertes, bebida, bebidas com pessoa, pessoas, que devorei com olhos e mãos. Acontece. E deveria acontecer mais.
Depositar confiança no que você faz, só te leva mais longe e te dá mais liberdade pra fazer seja lá o que você queira fazer, dá às coisas mais desenvoltura. Desenvoltura que te define como pessoa, como artista, como tudo, seja “desenvoltando” sua música, seus desenhos, seus escritos. Não ficar parado, não bocejar, querer tudo de tudo ao mesmo tempo, agora!, saber um pouco de cada coisa, e muito de algumas, ou saber muito de todas, e pouco de nada: é assim que se deve viver, é assim que se deve pensar. Ler muito, ver muito, pensar muito, viajar muito, seja mental ou fisicamente. Fazer tudo que quer fazer antes de chegar ao ponto de sua vida em que você vai “ter que” ou vai querer parar, pra cuidar de seus filhos, se casar, ter um emprego e conseguir envelhecer bem. Isso não é crime, mas o segredo é não parar nunca. Faça o que falam para não fazer, seja usar drogas, beber, sair com aquelas pessoas que parecem ruins. Você tem que conhecer para entender e ver por si mesmo se aquilo é bom ou ruim para você. Tenha um velocímetro que sempre aponta para o limite, mas saiba diminuir quando necessário, saiba diferenciar o bom do excessivo, o prazeroso e o doloroso. Assim você se descobre, mais cedo ou mais tarde, sem querer, quando anda pela rua, e se toca de que aquele é você. E tenha certeza de nunca ficar satisfeito apenas com o que já fez, e sempre querer mais e mais. Uma viagem a pé pela Europa, ou uma pintura realmente trabalhada: não interessa o que, desde que nunca deixe de fazer algo. Não pensar que fazer algo é inútil ou menor, pensar que é apenas “menos lapidado”. Absorver tudo o que puder, tudo o que possa ajudar na sua vida, tudo que te torne mais completo. Assim define-se o “você”, o seu estilo, a sua marca.
“Seja firme e confiante”, já disse, diz e dirá Titi Freak.
Aaaaaaah, quase duas semanas sem postar nada, mas não por falta do que dizer, mas pela falta do por que dizer. Meus vastos seguidores não querem ouvir sobre o frio que está fazendo aqui, nem sobre o meu parcial desencanto com a minha antiga nova banda, depois de uma animação colossal, e muito menos sobre o meu ânimo com um grupo de improvisos à Quinta Categoria, que eu e miguxos formamos, pra fins teatrais.
Fiquei sabendo que o rola agora, é falar sobre a tão rootz swine influenza. Não que seja rootz o que está acontecendo agora, mas a idéia (mudança ortográfica minha pica de óculos) de população mundial morrendo devido a uma pandemia, deixando o mundo como um cenário pós-apocalíptico, tomado pela natureza, com apenas alguns humanos restando, me parece mais que rootz, me parece um dos jeitos mais legais de extinção da raça humana. Ouso dizer que está empatado com a dominação das máquinas!
Bom, como as pessoas não pensam apenas em swine influenza, mas sim em meios mais fáceis de se obter pornografia massiva, e como AINDA não vou fazer meu Top 5 de meios definitivos de se extinguir a raça humana, a postagem de hoje toma como assunto principal a ascensão artística de jovens artistas amadores e sem talento. A princípio, eu, mas o objetivo mesmo é dizer em geral.
Não sou um entendedor, por isso minha opinião pode ser falha, errônea, lastimável e digna de pena, por isso, se você não quer sentir nojo, fique alerta à ZONA DE PERIGO MENTAL. Notando esse aviso, você irá poupar-se de noites mal dormidas, e risos.
ZONA DE PERIGO MENTAL
É fato que nos dias de hoje, a veiculação de qualquer coisa é mais fácil: não preciso mais sofrer para tornar minha banda minimamente notada, nas ruas; não preciso mais me preocupar sobre como vou mostrar meus textos, meus desenhos, meus qualquer coisa. A internet está aí para isso, a única coisa com que você precisa se preocupar é com uma divulgação decente, e com a qualidade do que você faz, afinal propaganda não é tudo.
Apesar disso, essa facilidade de mostrar o que você faz bem é uma faca de dois gumes. Todos os dias, uma caralhada de bandinhas posta suas músicas no MySpace, um tanto absurdo de artistas pinta um muro antes branco, e mostra isso no deviantART, e milhares de outros sem o que fazer, postam nos seus blogs.
Isso torna tudo, ao mesmo tempo, mais fácil e mais difícil. Você pode a qualquer hora divulgar o que faz, mas se não se sobrepor sobre os outros músicos, artistas e afins, não consegue nada. E aí é que está a dificuldade: como se destacar no meio de tantas pessoas, algumas realmente melhores no que fazem do que você? Na minha opinião, apenas com criatividade, inovação, e uma divulgação certa.
Obviamente, isso só virá depois de muito estudo, dedicação e aperfeiçoamento. Infelizmente, às vezes me esqueço que os caboclos não aprenderam a fazer o que fazem da noite para o dia, e isso torna tudo um pouco mais assustador.
A idéia de viver disso, me parece incrível, principalmente se for com graffiti, instalações e outras coisas, que envolvem a rua, visto que fazer apenas telas em exposições fechadas me parece um tanto hermético demais. O esquema é deixar bem balanceado, mas minha opinião pode mudar logo menos.
Apesar disso ser um opção de futuro fodimais, os meios pra chegar lá me parecem tão difíceis quanto os de tornar sua banda uma banda com credibilidade nas ruas lá no alto. Os artistas são muitos, e a originalidade é tanta, que você fica acuado com o fato de que, talvez você não consiga se destacar entre os já consagrados, e os iniciantes artistas. Mas você pode, se quiser.
FINAL DA ZONA DE PERIGO MENTAL
HÁ! Enfim escrevi isso, é bom tirar essas coisas do peito. Infelizmente, a pornografia fica pra próxima. Enquanto isso, vale dar uma olhada nesses vídeos:
P.S.: minha pontuação é ridícula. P.S.2.: minha coerência, diga-se de passagem, também. P.S.3.: “Mas você pode, se quiser.” e se tiver talento. É bom ter esperanças, mas um pouco de realismo cai bem.
Na falta de vontade, concentração e se pex de tempo pra escrever coisas aqui, decidi pensar em mais uma lista, totalmente inútil, mas totalmente digna... pra mim. Enquanto monto, a exemplo do Tiago Dias, uma lista dos meus 50 melhores discos, uma missão totalmente egocêntrica, já que ninguém quer saber o que eu acho.
Mas enfim, em meio ao caos, às provas e aos tempos que tiro pra coçar o umbigo, ainda existe um momento para ler, algo que só comecei a fazer mesmo, em 2008, depues de ser apresentado a romances muito dos rootz, devo dizer. Entonces, depois de uma semana de inatividade, mando diretamente do Word, pra cá, o:
Top 5 Livros Definitivos (que logo menos mudarão):
5) O Super Silva
Meu segundo livro, se não me engano, logo depois de Roverandom. Devia ter uns sete, oito anos, quando cheguei em casa, vi o livro na mesa da sala e fiquei curioso pra caramba, querendo saber de quem era, até que, no dia seguinte, minha irmã me disse que era meu, presente do namorado dela. Livro fera, leve, e engraçado de forma simples, pelo menos pelo que me lembro. Vale a lida, descompromissada ou não.
4) Filhos de Anansi
Grande Neil Gaiman, apesar de usar praticamente a mesma estrutura pra todos os livros, acerta a mão com seu crássico modo de criar e povoar mundos, de forma primorosa. Mesmo Sandman sendo seu grande clássico-afudê-senhorissoémuitobemfeito-cacetedeagulha, Anansi não peca: é leve, rápido e muito engraçado, de tirar risos com diálogos que possivelmente, não eram para isso.
3) Matadouro 5
Atemporal, relativamente vertiginoso e, seguindo o padrão na lista, engraçado. A diferença é que esse, aparentemente, é feito para isso, além da crítica social, antimilitarismo e talz. O problema, se é que podemos chamar assim, é que você ri, quando deve chorar, quando o narrador-autor, após descrever Dresden destruída por um bombardeio pior que o de Hiroshima, manda um ‘Coisas da Vida’, seu jargão para TUDO, durante o livro. Tenso, simples, engraçado e reflexivo. 2) Laranja Mecânica
Cacete de agulha, esse livro é um tapa na cara, mas tão forte que você demora um tempo pra voltar a entender o que se passa. O autor/maníaco que escreveu esse livro, criou um dialeto próprio para seus personagens e, na primeira edição (e em alguns paises, até hoje) não colocou um glossário, deixando o leitor no escuro, e vomitando um punhado de ‘palavras estranhas’ a cada frase! Por sorte (ou não), hoje temos o glossário, e a leitura não é tão mais tensa, mas ainda assim, você se vê totalmente dentro de uma nova realidade, violenta, intensa e indefesa. ‘Bem-vindo ao futuro!’.
1) Neuromancer
Se Laranja Mecânica é um tapa na cara, Neuromancer é o pacote completo! Você não se sente encaixado, nem depois de muito, tanto pela forma de narrativa quanto pelo que é narrado: Gibson descreve coisas que, até hoje, as pessoas não entendem como são, e faz isso com mais força ainda, quando descreve os efeitos das drogas usadas pelo protagonista. Não dá pra explicar, e o trabalho da mente pra imaginar tudo isso, e pra encaixar as coisas na própria história é extremo, e o todo, o conjunto final, é por deveras gratificante. A ação é frenética, quando ocorre, o desenrolar não deixa a desejar nem um pouco e a escrotidão dos personagens e das situações (coisa mais legal, ver um diálogo cheio de ‘porra’, ‘cacete’ e afins, torna tudo mais próximo do humano real, sem idealizações) tornam essa pica o melhor livro já lido, até agora, e tenho dito!
P.S.: eu definitivamente devia revisar meus textos.
Meh, hoje fui bombardeado por praticamente todos os professores sobre o Enem, o vestibular e sobre entrar em uma faculdade boa. Isso, pra mim e para um outro monte de pessoas, é o motivo pra estar estudando agora, com dedicação, ou sem (fora o fato de que somos obrigados a tal).
Mas, infelizmente temos que pensar no que fazer depois da faculdade, e isso, sinceramente, me gera um certo medo, já que como futuro artista, visual e/ou plástico, ou eu posso conseguir colher resultados muito dos rootz, como professor ou outra coisa melhor, ou posso ter menos moral que uma pedra, como, oh baga, professor ou outra coisa pior.
Pensando nisso, decidi definir o meu primeiro Top 5, idéia obviamente chupada de Alta Fidelidade, e que estava sempre nos planos. Entonces, segue a primeira de muitas listas que virão... ou não.
Top 5 Empregos Definitivos (isso também rolar no filme, é coincidência, diga-se de passagem):
5) Produtor Musical
Conhecer os sujeitos, por tabela ter um conhecimento monstruoso sobre música e ainda ser pago (muitíssimo bem, por sinal) por isso me parece algo legal, desde sempre. Além de tudo, ser produtor é estar um passo a frente na empreitada de ser músico, e isso muito me apetece.
4) Diretor de Cinema
Diretor bom de cinema, seria o certo, porque diretor por diretor, tem muitos ruins pra caralho, e eu não queria ser parte dessa leva. Enfim, expressar as suas idéias ou a dos outros, prezando somente os aspectos visuais da parada é genial: expressar violência, emoção e intensidade funciona muito melhor quando feito visualmente, se executado bem. Óbvio que a imagem não é nada sem outros aspectos, e até se torna secundária, mas ainda assim, isso continua tr00.
3) Escritor
Se visualmente as coisas são expressas de forma melhor, a escrita é mais precisa, visto que não te dá tanta abertura para explorar outros métodos de comunicação, como a imagem, mas com um vocabulário e um estilo narrativo muito bons, o absurdo, o limite e as emoções podem atingir o leitor como um tapa na cara, talvez mais do que visualmente. Um exemplo fuleiro: se Funny Games fosse um livro, talvez fosse mais terrível e angustiante, se escrito de forma primorosa. Enfim, ter como trabalho escrever é algo que eu faria e muito!
2) Artista Plástico/Visual
Isso é bem palpável, pode-se dizer, e a minha sorte é que ser um artista está na minha lista. Expressar-se por meio da arte pode te limitar muito, ou te abrir tantas portas que talvez você nunca consiga abrir todas. Espero me encaixar na segunda opção, transformar minha arte em um organismo parasítico e absorver tudo o que puder, sem medo de experimentar coisas diferentes, considerando que prender-se em uma só forma de expressão torna tudo mais “maçante”, uma hora ou outra.
1) Músico
Ter uma banda rootz é o “emprego” definitivo, tomar uma das coisas que mais gosto de fazer como forma de viver me parece incrível: além das possibilidades que isso traz, a música, na minha opinião, tem uma capacidade de interferir nas vidas alheias de uma forma colossal, seja como caos controlado, ou como barulho desenfreado, experimental e extremo. Nada é igual à sensação de se ouvir uma Paranoid Android ao vivo, e sentir que aquilo faz tanto sentido pra você, quanto para as pessoas que a fizeram. Conseguir afetar a vida de outras pessoas e até mesmo a sua própria por meio da música é algo difícil, mas que se atingido, transforma você e o ouvinte nas pessoas mais felizes possíveis.
P.S.: escrever aqui é como escrever no word: as pessoas só lerão isso, se eu mostrar e apontar. A diferença é que um está na internet, e o outro não, mas ambos compartilham o fato de gerarem textos herméticos, e lidos por poucos.
P.S.2: agora me ocorreu que acabar no ‘pérolas do Enem’ é algo a ser evitado.