“A noite já está naquelas quando ela chega. Três garrafas de cerveja e um drink de mocinha já foram, além de duas porções monumentais de mandioca. Todos já estão satisfeitos e agora ficam só nos suquinhos e refrigerantes, de leve. O que interessa agora é a conversa, as companhias por elas mesmas, e essa é a hora em que tudo está no prumo: todos prestando atenção e falando e discutindo; todos submersos em um assunto que, ele não sabia, seria tão bem recebido. Ela não se lembra dele, ele sabe ou acha que sabe, mas ele se lembra dela. Não porque a marca que ela deixou foi algo além de algumas noites de sono perdido e alguns minutos sem conseguir pensar muito bem, mas porque qualquer coisinha miúda que cruza seu caminho e chama sua atenção, ele se lembra. É assim. Poderia dizer algumas bandas de que ela gostava, filmes, músicas e versos que ela achava bonitos. Ela não sabia nem ao menos o seu nome. Foi embora, se perdeu em memórias mais importantes. Ou talvez não. Agora as dúvidas começam a borbulhar na cabeça a cada olhadinha que ela dá por sobre o ombro toda vez que ele e seus amigos citam alguma passagem de um monte de filmes que, às vezes, ele nem conhecia. Uma situação de reação instantânea do olho em função das palavras. Aquele estranhamento seguido de interesse que nos toma quando alguém fala de algo tão querido por nós, mas não para nós. A vontade não de ouvir por ouvir, mas a vontade de ser parte da conversa e poder dizer tudo o que você pensa sobre o assunto em questão.”
Um texto que fiz em junho.
Começa falando de uma coisa e termina falando de outra, porque na verdade não está terminado. E nem vai terminar; perdi toda aquela neurose que motivava a escrever no dia seguinte ao acontecido e no fim, isso é bom.
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