22 de jun. de 2009

Vômito OU Sobre Meias e Moletons

  A vontade de escrever abstrai a falta de assunto. Às vezes é bom só esmurrar palavras alheias, pensamentos do momento, ou mesmo coisas pré-definidas, porém pouco definidas. Vai sair um pouco da nova premissa do “bróg” de resenhar e mostrar o que eu faço, os textos ruins e os desenhos que talvez logo venham, mas ei, resenhar discos que não sejam uma sonorização de selvageria brutal para com o ser humano, é difícil, e os livros não acabam para serem destrinchados. Ainda.
  Mas para que me preocupar, se esses textos são para mim e para mais uma, no mais três pessoas? E pensando assim, não precisar pensar muito nos outros pra escrever o que escrevo é até bom. Ou não.

  Enfim, venho pensando muito nos meus amigos. Como eu os trato mal e como eles me tratam mal. Óbvio que na maioria das vezes é brincadeira e, quando não é, ficamos dez minutos bravos e depois voltamos a ser tr00tas. Mas mesmo assim, é estranho o fato de um dos meus melhores amigos já ter sido alguém que eu queria evitar até o fim. Claro que ele continua sendo um baita filho da puta, mas nunca fui muito legal também. Aprender a deixar algumas coisas “passarem” e a não esperar o que eu faria, deles, me ajudou a não mandar um foda-se e não olhar mais pras suas caras. Agora no plural.
  Vale lembrar que meu plural é pouco, sendo que eu totalizo cinco amigos. Mas depois de um tempo aprendi que muita gente não tem nenhum. Só acho meio tenso o fato de não ter certeza se alguns deles vão estar lá quando eu precisar. Alguns eu sei. O problema é que acho que eles não sabem que isso pode vir de mim, e daí fica um pouco difícil de ter uma “troca” justa. Acho que fico muito ocupado falando idiotices e tentando não ser legal. Já que a) adoro irritar as pessoas, e vice-versa, no caso dos amigos e b) me conformei com o fato de que não sou legal. Daí os meus cinco amigos.
  Essa coisa de esperar o melhor das pessoas é idiotice. Ser simpático, ter interesse e ser agradável é um pré-requisito pras pessoas gostarem de você. Aparentemente, eu gosto das pessoas escrotas, sem frescurinhas pra dizer o que pensam. Óbvio que isso às vezes é ruim, pra você e para os outros. Mas no fim vale a pena. Quando você não é o único a desagradar alguém. Mas não sempre, claro. Às vezes é preciso omitir, e isso separa os escrotos legais dos escrotos realmente escrotos. Esses tipos normalmente tendem a não conseguir conversar com ninguém por dez minutos. Ou ele termina a conversa, ou o outro, sempre legal, perde a paciência e manda tomar no cu.
  Claro, também, que eu não vou dizer o que eu digo com os meus amigos a uma pessoa recém-conhecida. Seja pelo fato de nossas conversas serem uma grande piada interna muito da interna, ou pelo fato de eles serem ofensivas. Acho que dependendo da pessoa, vale a pena pensar no que falar, e ter interesse no que ela fala. Isso te rende princípios de amizades e, se a pessoa agüentar o seu verdadeiro ser, mais um amigo pra lista.
  Algumas pessoas não valem o esforço. Pode até ser pretensão, mas não valem mesmo. Faço questão de deixar claro que não gosto desses manows, e também não me interessa o apreço deles. E algumas merecem a omissão do que você está pensando, mas daí é pra evitar conflitos, ou porque você gosta dela, de um jeito ou de outro.
  Falando assim, parece que todos são uns grandes idiotas, mas não. As pessoas que me cercam são extremamente legais. Talvez por não ligarem para serem legais. Não tem cobrança da minha parte, nem da deles. Isso é ótimo, e ninguém sai “ferido” de algum comentário. No fim, nada como ter pessoas ao seu lado, ora.
  Outra coisa interessante, são pessoas que não conhecemos. Essas sempre são interessantes. E você sempre tenta ser o mais legal possível. Pra depois chutar o pau da barraca, claro. É legal conhecer alguém que você não conhece, e é legal até não conhecer quem você não conhece, mesmo querendo. Um pouco. Ver ocasionalmente, e mesmo que rapidamente, pensar no que ela pensa. Tem seus momentos. Mas é sempre ruim quando alguém não é o que você espera. É um mundo desabando, principalmente quando é alguém que você achou ser esperto. Mas essas coisas acontecem. E sinto que eu já fui a decepção de várias pessoas.

  Agora, pessoas que “usam” pessoas, fazem doer a alma. Eu sou meio suspeito, pois só sou amigo de uma guria, porque ela está com um amigo. Namorados. É meio tenso pensar sobre, mas acho que sozinho, evitaria conversar com ela. Tamanha sua inconveniência. Mas o ponto não é esse. E sim o uso de pessoas. Falar com alguém apenas para esperar sua hora, sua carona, qualquer coisa. Quando isso é descarado, quando a pessoa não é próxima. E quando a relação se vai na hora. Acho que isso não é tão ruim. Mas dispensar os amigos por puro capricho, isso sim.
  Uma estória degradante: um amigo dos tempos da quarta série, se afastou de mim e dos meus amigos na oitava. Quando conversa com ele, ele soltava um “é, e pensar que eu andava com você e com fulano”. Sempre. Eu: “qual é o problema, pow?”. Ele: “ah, manow, você usava um brinquinho e fulano usava calça de MOLETOM!”.
  Minha fé na humanidade foi pra casa do chapéu depois dessa. O que tem haver as roupas de uma pessoa? Foi pior quando um colega disse que eu não pegava ninguém pois minhas meias eram altas. Qual a relação, se elas ficam cobertas pela calça. E se elas nem atuam em uma trepada? Minhas experiências dizem que se deve tirá-las. Reflitam sobre. Sobre o quão fúteis são essas pessoas. E sobre a teoria das meias. E ainda sobre como “trepada” é o pior sinônimo pra sexo. Usei apenas pela situação. Ou não. 

18 de jun. de 2009

Lightning Bolt | Wonderful Rainbow [2003]

  Então tu gosta de uma sonzeira pesada? Uns caras parrudos, suados e com cabelos enormes tocando suas guitarras o mais rápido que podem, soltando agudos ou graves que fazem você delirar, né? Coisa de macho, porra, ou vai dizer que qualquer um ouve isso aí?

  A verdade é que sua banda de metal preferida é uma banda de donzelas virgens perto do Lightning Bolt, uma dupla muito dumal, que envolve só baixo, bateria e vocais que não passam de outro meio de fazer barulho. Porque é isso que os caras fazem, barulho. E do melhor. Distorções até onde é possível, ruído continuo e uma densidade extrema.
  Brian Gibson destrói o baixo “como se não houvesse amanhã”, e Brian Chippendale dá a “base” pra isso.

  É por esse motivo que isso visa ser uma resenha do seu segundo disco (ou terceiro, dependendo da interpretação), o Wonderful Rainbow. Disco que, por sinal, já foi resenhado cinqüenta e sete vezes, e tem até uma lista no site dos caras, pra você ver todas. Destaque pra Pitchfork e pro Gordurama, que é a principal influência para mim. Percebam que estou tentando cada vez mais ser escroto e crítico.

  Infelizmente, o que já foi dito exprime tudo o que é necessário saber: Wonderful Rainbow é um tapa na cara, bem dado, e com muita força. Ouvi-lo é algo pra ser feito uma vez ao dia, mais do que isso e você é tomado por tensão, o clássico aperto na garganta. Pelo menos pra mim.
   
  “Hello Morning”, dá uma idéia do que vem pela frente, mesmo sendo uma pequena introdução, de certa forma até calma. E essa calma aparente dá lugar à explosão de “Assassins”, que é basicamente composta por partes levemente diferentes, repetidas sempre, como quase tudo do Lightning Bolt. Uma das mais agressivas do álbum, mas sem deixar de passar uma certa animação e, por que não, uma sensação de aperto, bem pequena.

  Termina “Assassins”, e começa “Dracula Mountain”, uma das músicas mais tr00 de todas. Essa sim é formada por um loop doentio, com berros marcando as viradas e com um peso sem tamanho. Porém, no meio da música, essas repetições descambam pra uma mudança de ritmo e som que mostra realmente a que “Dracula Mountain” veio. Talvez a melhor do disco.

  “Two Towers” começa da forma mais frenética que se pode: você não consegue entender o que está acontecendo, apenas pode torcer pra que isso não dure muito. E não dura. Após um minuto, Gibson chuta um pedal e começa a real porradeira da música, que se estende por nada mais nada menos do que sete minutos. Sete minutos de visões do apocalipse. Admito que é meio cansativa, mas depois de um tempo, você fica hipnotizado pelas camadas de barulho muito bem formadas, diga-se de passagem.
  Btw, esse é um dos méritos do álbum: apesar das repetições e do barulho que não pára por um segundo, você consegue perceber, por trás de toda a fúria, formações rítmicas que, por incrível que pareça, tem seus traços de beleza e parecem muito pensadas, apesar do imediatismo de Chippendale ao tocar a bateria. Ou ao surrá-la. 

  “On Fire” é, sem dúvida, a mais animada do disco, não com menos violência. Nenhuma nota é poupada, nenhuma chance de destroçar a tranquilidade é perdida por Brian, Gibson e Chippendale. Aqui a “voz” é mais ressaltada, mas é impossível de se entender, e só ajuda o barulho a se agravar.
  Depois de um tempo, como em “Dracula Mountain”, a música muda, mas fica lenta, e calma como “Hello Morning”. Mas apenas para estourar novamente em sua rapidez que, vale ressaltar, não é tão tensa quanto o resto do disco.

  “Crown of Storms” começa com um “two hands” (vide google) fodido e após um espaço curto de tempo, é acompanhado por uma marcação da bateria e do próprio baixo que mostra da melhor forma toda a agressividade da banda: a vontade de invadir qualquer lugar com um tanque aumenta a cada nota tocada. E isso só piora quando os vocais entram, criando, literalmente, ruído e fazendo jus à tensão da música. 
  Como na maioria das músicas até agora, mais para o fim, há uma “guinada de 360º” no ritmo, após um “pow”, que é usado quase em todo o álbum (que melhor jeito de representar uma explosão de barulho?), e a música deixa de ser um agente da destruição terrível para ser um agente da destruição terrível e, aparentemente, maníaco: os sons que saem do baixo, mesmo que por pouco tempo, são de uma doença leve, porém visível. Eu acho.
  Termina em ruído, aqueles clássicos mesmo.

  “Longstockings”, mesmo tendo um instrumental ótimo e sutil, é chata. Pronto, essa é a verdade. Toda o caos da banda transforma-se em uma música lenta, que não empolga, mas não deixa de ser ruidosa. Não pule, sem ouvir.

  A música-título do álbum, “Wonderful Rainbow” (ORLY?) é a mais calma já feita pelos caras, eu acho. Não chega a ser chata, por ser curta, mas o fato de ser formada apenas por umas notas se repetindo através de um delay e o vocal soltando apenas uns “tatata tatata”, sem bateria, não deixa a música ser tão emblemática.

  Porém, ela funciona como “Hello Morning”: uma introdução para outra música. “30,000 Monkies” é a doença, nem um pouco leve nem sutil, chegando aos seus ouvidos, direta e assustadoramente. O baixo fica em uma volta sem interrupções enquanto a bateria é destruída.
  Depois de “Longstockings” e “Wonderful Rainbow”, é bom ouvi-la, como uma volta às raízes sangrentas do começo do álbum. 
  Só comentando, o disco me diz “monkies”, mas o google me diz “monkeys”. Seria isso uma gíria? Nunca saberemos.

  E daí começa “Duel In the Deep”. Os rangidos de um portão, ou estática do baixo, tanto faz, marcam o começo. Depois disso, a bateria vem entrando aos poucos, até o clima de terror dar lugar ao barulho já conhecido. A diferença é que, dessa vez, a música passa um desespero, como um “me tira daqui filhadaputah”, na palavras do Gordurama. É o aperto na garganta, com o qual você já se acostumou, volta com força total pra não te deixar esquecer de que você ainda está ouvindo o disco. E termina no rangido macabro novamente, mostrando que, agora sim, acabou.
  Suspeito que ouvir isso à noite, sozinho e no escuro te renda no mínimo um medo de ir até outro cômodo da casa, além de que, com sorte, você consegue invocar algo ao som disso. 

  Pra finalizar, segue um vídeo mostrando a performance ao vivo dos caras, que dizem ser o ponto alto de tudo, já que “os discos são como flyers dos shows”. E parecem ser mesmo, pois os shows, pelo que os vídeos mostram, são retardados: não há palco, a platéia cerca Gibson, Chippendale, e seus amplificadores absurdamente grandes que, acho eu, não aguentam dois shows sem um conserto. Algumas pessoas parecem estar em transe, ao passo que outros aproveitam a chance pra exteriorizar toda a fúria que a música passa. Tanto que, não é raro, você vê alguns caras caírem em cima da bateria, derrubando a porra toda.



   
  No mais, ouçam o disco, deixem o cérebro derreter e não se preocupem caso babem no percurso.

10 de jun. de 2009

1, 2, 3, 4... 5! - Problemas Definitivos Sobre Ter Uma Banda

  Aaah, a música. Venho notando que só falo disso aqui. Música e tentativas de lirismo fracassadas. Mas pra que mexer em algo que batalha pra ficar marromenos? Vamos continuar com o clichê, escrevendo o que convém.

  Música é uma maravilha, ouvir é ótimo e tocar, melhor ainda. Mas depende com quem, veja bem. Voltei para a minha ex-banda, e as coisas pareciam ter engrenado, té estamos nos dedicando a fazer uma coisa nossa. Mas depois da animação inicial de ter uma banda de novo, constatei que não, não importa o quanto se tente, seus parceiros nunca pensarão como você. 
  Não dá pra convencê-los a tocar um instrumental de sete minutos, não dá pra convencê-los a tocar nem ao menos um Radiohead, tão bem arranjado. Pelo menos não quando seu baterista gosta de bandas de pop punk ou sei lá como se denominam sasporras modernas, seu outro guitarrista gosta de três músicas cretinas, seu vocal não tem opinião musical e diz não curtir muito rock, e você é o fresco da banda, que gosta de coisas que ninguém conhece. Assim não dá, assim não pode.
  Arranjar novos amigos não dá, demorei muito pra conseguir esses, e eles são meus tr00tas, independente dessas coisas. Arranjar uma outra banda não dá, demorei muito pra conseguir essa.
  Pensei em colar anúncios por aí, procurando alguém, mas não sou tão bom a ponto de selecionar alheios. Mesmo isso sendo uma puta oportunidade de descobrir pessoas com gostos parecidos. Idéia a se pensar.
  Bom, mas o assunto não é esse, e pensando agora, esse é um bom momento pra um Top 5 de piores coisas de se estar numa banda. Ou de se estar na minha banda.
  Então, vamos lá:

Top 5 Problemas definitivos sobre ter uma banda:

5) Instrumentos

Ter uma banda amadora começa mal pelo equipamento. Tocar com sua Stratocaster genérica e, diga-se de passagem, bem tensa, é de uma frustração sem limites. Cubinhos furreca, que não aumentam porra nenhuma, não seriam uma problema tão grande se o seu baterista não fosse um troglodita que esmurra sem dó a bateria, o que só piora pelo fato do quarto ser pequeno. Pela minha compreensão de acústica, um quarto pequeno não deixa as ondas se espalharem, daí ficam presas, daí atropelam todo e qualquer outro som... Ou algo assim, minha compreensão de acústica é muito pouca, quase nada.
Concluindo: tenha grana, seja rico, e compre tudo do mais caro. Só depois disso monte uma banda, com Fender’s e Gibson’s e um lugar decente pra se ensaiar. Ou não.

4) Habilidade

Como ter uma banda, com instrumentos e músicas, quando, veja bem, você NÃO é bom no que você faz? É isso que venho me perguntando há tempos. Não que eu seja ruim, mas não que eu seja muito bom. Se formos analisar, eu sou o que melhor toca ali. Ou não, talvez seja um ataque egocêntrico.
Enfim, as pessoas tem que saber o que fazem para terem uma banda. Quando o guitarrista me pergunta onde é o Si, eu perco a fé na humanidade: isso se aprende na segunda aula, caralho!
O problema é que comprando o guitarrista analfabeto, tu leva de grátis o baterista que não sabe tocar mais que três bases, o vocal que, além de cantar como um participante do Ídolos, tem menos emoção que uma pedra, e o outro guitarrista, lento e cheio de má-vontade. Eu, só pra deixar claro.

3) Tolerância

Partimos do físico, pro emocional. Intolerância é o que não falta em uma banda, principalmente quando nenhum membro é parecido. A música que fulano escolheu? É coisa de viadinho. A letra que o manow criou? Nem a pau que eu toco isso.
Impossível gostar de tudo que os outros sugerem, por mais que você tente ser legal e omitir certas coisas, ser sutil em comentários e afins, chega uma hora que não dá: é tanta idiotice que você tem que dizer com todas as letras: isso é uma merda!
Se na vida em geral, segurar essas coisas já é difícil, em uma banda a coisa desanda de vez. E isso só piora sua relação com os outros, seja em questão de amizade, de banda, ou de ambos.

2) Repertório

Brevemente: do que eu gosto, um não gosta, e do que ele gosta, eu não gosto. Do que outro gosta, eu e nem os outros gostamos. Do que alguém gosta, ninguém gosta!
Quando formar uma banda, além de ter grana, tenha certeza de que as pessoas nela são parecidas com você. Pelo menos algumas bandas vocês tem que ter em comum, senão não rola.

1) Convivência

Guiada pelo item número 3, a convivência em uma banda é uma merda foda. Mentiroso é aquele que diz adorar sua banda. Passar um dia inteiro com pessoas que não aceitam críticas, infantis e choronas é de amargurar qualquer um. Tu sai dali cansado, estressado, puto com todo mundo. E sempre rola uma briga.
Mais uma vez, talvez seja porque somos diferentes demais, mas mesmo assim, dizer que não é assim que se canta algo, ou que tem que tocar mais devagar é motivo pra um chilique sem precedentes, com direito a ignoradas! Porra, se nós tivéssemos dez anos até ia, mas agora já tá na hora de agir que nem gente, né? Olhar pros seus próprios erros, admiti-los e aceitar críticas é fundamental pra qualquer relação.


  Porém, depois desse Top 5 das piores merdas de se ter uma banda, eu aponto um motivo pra se adorar ter uma: quando as coisas dão certo, e você se vê tocando algo certinho, com seus amigos, felicidade é o que não falta. Coisa linda quando uma música vai sem erros, e todo mundo fica se achando demais por ter conseguido. Várias as vezes que chiliquinhos e climas tensos foram pro saco, depois de uma música terminada. Além disso, criar algo é ainda melhor! Sentir que você está fazendo as coisas é de engrandecer qualquer um.
   
  No geral, uma banda tem seus muitos contras, mas seus prós fazem tudo valer a pena. Ainda mais quando tudo não passa de diversão despretensiosa. Ou não.

7 de jun. de 2009

Medo e Delírio na Estante - Acontece, Aconteceu

Certo, mais um dia, mais uma hora, horas, sei lá. Ando vomitando tudo que me vem à cabeça faz uns dias, sabe, e acho que isso começa a me fazer mal. Não durmo há tempos, e é raro ver alguém. Quando vejo, me apaixono no ato. A vontade de conhecer tudo dessa pessoa, vontade de ser seu melhor amigo. Tantas namoradas que já poderia ter tido, tantos amigos do peito. Só que isso não depende apenas de mim. Acontece. Uma hora as coisas acontecem. Ou não. Toc toc? Ou sim. Uma batida na porta, a essa hora. Um novo ser a ser devorado por meus olhos? Alguma vizinha gostosa, algum amigo já conhecido, o porteiro puto comigo por não abaixar o som? Atendo ou deixo passar? Um olho mágico nesses momentos seria de grande ajuda. Mas fazer o que, não é mesmo? Vou atender, quem sabe ganho algo.

Trick, a fechadura destrancou. A porta não faz barulho pra abrir. Olhões me encarando. Uma amiga gostosa já conhecida, dizendo que o porteiro disse pra abaixar a música. As coisas realmente são estranhas. Plaft, fechei a porta. Ela deitou no sofá, ligou a televisão, veio aqui sei lá por que. Disse que estava voltando pra casa, e decidiu dormir aqui, por preguiça. São de amigos como ela que eu sempre falei. Uns malucos que não fazem porra nenhuma senão ler, pensar e conversar, não interessa a hora, desligados de tudo. Pois também, ela é a pessoa mais bonita que eu já vi. Entre caras e meninas. Sei lá o que aconteceu pra ela virar minha amiga. Infelizmente, só a comi com os olhos mesmo. Acontece, também. Mas não devia. Ela pediu comida. Porra, ela aparece na minha casa no meio da madrugada, dizendo que vai dormir por aqui e mostrando que o que eu penso sobre não importa e ainda me pede algo pra comer? Eu devia até ficar puto, mas aparentemente dias sem dormir, álcool e solidão me transformaram em um bundão.

Click, a porta da geladeira abriu. Eu tenho pizza, e ela aceitou. Aproveito pra comer também. Um filme ruim no acompanhou nessa. Gosto de filmes ruins, de rir dos defeitos. Meia-noite. Perdi a noção de tempo, aparentemente. Ela deve ter chegado às 21 horas. Se eu pirar, essa vai ser a minha última lembrança sã. Tomara que cumpra bem seu papel. Ela pegou uns desenhos meus. Diz que gostou. Assim que eu ganho dinheiro, por sinal. Ilustrando coisas pra revistas, fazendo tirinhas pra jornais, coisas do tipo. Ela me pede pra desenhá-la. Sinto-me como o cara do Titanic. Tive 25 segundos pra dizer que faria um nu, apenas. Novamente, dei uma de bundão. Nem quando eu posso, consigo. Acho que isso soa meio machista. Mas enfim, se não for sincero, de que vale escrever essas coisas? Ela continua bonitona, mesmo de roupa. Saiu da mesa, onde eu estou, a propósito e voltou a deitar no sofá. Faço o desenho rápido, como um rascunho. Assim que eu desenho. Ela me pediu pra dar uma ajeitada. Disse que amanhã fazia. “Mas hoje já é amanhã”. Senhor, coisas assim, ainda mais seguidas de risinhos são o motivo de tanta paixão pelas pessoas. Mas dessa vez sou firme. Digo que só amanhã, amanhã mesmo. Ela disse que vai cobrar.

Ploft, a rolha do vinho sai voando. Quando uma menina me diz que vinho é coisa de viadinho, a coisa tá feia. Ou não. Acho que esse vai ser o golpe de misericórdia. Tomo isso e vou dormir. Se fizer efeito, com ela. Meu último relato são está pendendo demais pra minha excitação. Esse nível de escrotidão espantará futuros leitores. Se eu tivesse algum. Bebemos quase tudo. Duas da manhã. Agora sim é madrugada. Sinto que estou mais bêbado do que ela. Meu plano brilhante de levá-la pra cama periga não dar certo. Acontece. Mas definitivamente não devia. E assim caminho para mais um dia pensando em como seria ter dormido com ela. Ou com qualquer pessoa. Isso tem sido muito freqüente. Amanhã tenho que acordar, e me juntar com amigos homens. Assim não vou ficar me lamentando sobre o que não foi. Pelo menos espero. Agora meu plano maléfico começa a dar resultado. Ela me chama pro quarto.

O barulho de roupas caindo no chão é difícil de escrever. Ou descrever. Mas os aiais uiuis são mais simples. Podia descrever a cena e me tornar um cronista erótico, boêmio e safado. Mas sou o cara feliz, que vai compartilhar isso com ninguém. Ou apenas com seus amigos mais chegados. A não ser que isso seja estranho. Ou uma baita filha da putice. Resolvo depois. Nove da manhã. Dormi o que precisava, e agora tenho uma amiga na cama. Uma amiga já conhecida e gostosa que dá recados do porteiro pra mim. Não sei se ela vai ficar mais um dia, mais tantos dias. Mas isso eu já não esperava. Gostaria, mas enfim.

Certo, mais um dia, mais uma hora, horas, pessoa, pessoas, retratos, que se movem ou que ficam inertes, bebida, bebidas com pessoa, pessoas, que devorei com olhos e mãos. Acontece. E deveria acontecer mais.

3 de jun. de 2009

Sempre!

  Depositar confiança no que você faz, só te leva mais longe e te dá mais liberdade pra fazer seja lá o que você queira fazer, dá às coisas mais desenvoltura. Desenvoltura que te define como pessoa, como artista, como tudo, seja “desenvoltando” sua música, seus desenhos, seus escritos.
  Não ficar parado, não bocejar, querer tudo de tudo ao mesmo tempo, agora!, saber um pouco de cada coisa, e muito de algumas, ou saber muito de todas, e pouco de nada: é assim que se deve viver, é assim que se deve pensar. Ler muito, ver muito, pensar muito, viajar muito, seja mental ou fisicamente. Fazer tudo que quer fazer antes de chegar ao ponto de sua vida em que você vai “ter que” ou vai querer parar, pra cuidar de seus filhos, se casar, ter um emprego e conseguir envelhecer bem. Isso não é crime, mas o segredo é não parar nunca.
  Faça o que falam para não fazer, seja usar drogas, beber, sair com aquelas pessoas que parecem ruins. Você tem que conhecer para entender e ver por si mesmo se aquilo é bom ou ruim para você. Tenha um velocímetro que sempre aponta para o limite, mas saiba diminuir quando necessário, saiba diferenciar o bom do excessivo, o prazeroso e o doloroso.
  Assim você se descobre, mais cedo ou mais tarde, sem querer, quando anda pela rua, e se toca de que aquele é você. E tenha certeza de nunca ficar satisfeito apenas com o que já fez, e sempre querer mais e mais. Uma viagem a pé pela Europa, ou uma pintura realmente trabalhada: não interessa o que, desde que nunca deixe de fazer algo.
  Não pensar que fazer algo é inútil ou menor, pensar que é apenas “menos lapidado”. Absorver tudo o que puder, tudo o que possa ajudar na sua vida, tudo que te torne mais completo. Assim define-se o “você”, o seu estilo, a sua marca.

  “Seja firme e confiante”, já disse, diz e dirá Titi Freak.