1 de dez. de 2011

Ordinário

Há quase dois anos eu estava começando a gostar de Wilco, numa quarta-feira em que eu passei a noite inteira ouvindo e tocando ‘Misunderstood’, emulando pela primeira vez, com o violão alto no peito e os berros finais, Jeff Tweedy.
Desde então é uma das minhas bandas preferidas, se não for a preferida.
Eu ouvi feito bobo qualquer coisa que eu pudesse encontrar deles e gostava de ir cada vez mais fundo, descobrindo qual era a melhor versão ao vivo de cada música e quais os b-sides e demos valiam a pena.

Agora, de uns tempos pra cá, eu descobri o Black Drawing Chalks. “Music to drink, dance and fuck”, e só isso: não tem pretensão de ser bonito e nem certeiro em cada verso, descarta a necessidade de colocar tudo em termos sutis e sublimes e ao invés de acertar seu coração, te acerta logo na cara para te acordar um pouco pra vida.
Eu não preciso pegar meu violão e apertar a correia para tocar isso, eu só preciso colocar minha guitarra lá embaixo e fazer o máximo de barulho que conseguir.
É um som tão simples, fácil e divertido que me faz colocar em xeque o tempo que eu passei me dedicando ao Wilco e a importância que a música deles de fato tem para mim.

Mas eu esqueci que chega uma hora em que tudo perde uma parte do sentido e da força sobre você, e com o Black Drawing Chalks não foi diferente: assim como o Wilco eles foram caminhando devagar (ou nem tanto) para o seu ápice, seu maior momento de significado, algo como o ponto em que eu sempre quis chegar depois de seguir esse ou aquele caminho.
Depois disso as coisas se desgastam e você (eu) precisa voltar para as outras coisas que, há tempos, estavam esquecidas; recuperar o significado e a importância que, quando colocados a prova, mostram sua força.

Acaba que, de pouquinho em pouquinho, consegui conciliar os dois sem preferência por nenhum. Cada um com seu próprio sentido, cada um com o som que se encaixa em cada momento, e é isso o que torna tudo interessante; às vezes ouvir sobre o amor te diz mais, às vezes não.

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