Exatamente três da manhã, com meu primo do meu lado, jogando videogame, e meus olhos beirando a explosão. Não tenho moral de mandar ele dormir, e se eu for ler, eu vou capotar depois de três palavras.
Fato é que 2010 logo menos chega, e a maioria das pessoas toma essa data como uma época de reflexão e pensamentos solitários, revendo sua vida. Eu, desde 2007, meu ano negro, parei de me preocupar muito em definir metas sérias pro ano que segue. Só coisinhas simples, como ler tais coisas, tocar tais outras coisas e assim vai. Além de sempre tentar manter em mente, que algo pode dar errado. Coisas pequenas e grandes. Meio pessimista? “Eu não te vejo abandonando coisa alguma.”
Coisas pequenas envolvem esse blog, que tem 35 postagens, em nove meses. Não é algo que alguém chame de rápido. Mas antes isso do que nada. Se bobear pode ser uma meta pra 2010: postar mais aqui. Não que eu esteja prometendo nada. Não que alguém esteja ligando. É só uma questão de achar que estou fazendo algo útil.
Desvirtuando tudo, esses dias fiquei sabendo que fui chamado de perturbado, por uma amiga do meu irmão, que eu nunca pensei que lesse o que eu escrevo. Que eu nunca pensei que existisse. Se ela diz, quem sou eu pra desmentir. Não acho que o que eu escrevo tenha tanta profundidade, principalmente as últimas coisas que escrevi, que são umas baitas merdas. Os de antes, eram melhores. O segredo está em não pensar no que escreve, enquanto escreve (e não escrever sem querer escrever). Antes era mais fácil, mas isso não quer dizer que eu era mais produtivo. Pode ser porque essa idéia perdeu o brilho, que eu perdi o jeito de escrever ou ambos. Não que seja uma preocupação tremenda meu deus do céu tenho que escrever pro blog o quanto antes. É só uma página aberta. Se eu escrevo não quer dizer que eu tenha algo a dizer, se eu não escrevo não quer dizer que eu não tenha. Mas eu devia fazer o esforço. Por mim, mesmo. Tentar destrinchar coisas mais banais, sem parecer um idiota falando disso. Só pra deixar aqui, registrado. É como fazer anotações de um livro.
Partindo pra outro ponto, venho revendo o que penso sobre leitura. Eu gosto de ler, mas sou lento lendo. E por sinal gosto da idéia de ler. Às vezes passo mais tempo pesquisando sobre tal livro, do que lendo tal livro (Arco-Íris da Gravidade, Ulisses, estamos aí). O problema pode ser preguiça, mas eu sempre posso jogar a culpa pro calhamaços em si, cheios de gordura e digressões e dificuldades. Certo que isso é o que os torna tão atraentes, mas enfim. Esses dias, fui pesquisar sobre Infinite Jest, do David Foster Wallace. Pelo que pareceu, esse livro, de 1079 páginas, faz os dois citados parecerem livros de mocinha. Certas notas de rodapé tomam mais de dez páginas, e elas mesmas têm notas de rodapé! A maioria das resenhas são marromenos, mas é incrível ver como as pessoas se dedicam lendo isso: anotando, refletindo, tentando entender. Até fazem blogs pra comentar a leitura, enquanto lêem. Eu não tenho tanta atenção e dedicação pra fazer isso, mas por sinal comecei mesmo assim, fazendo algumas anotações e marcando páginas que tenham algo interessante. Talvez até parta pra idéia de relatar o desenvolvimento de alguma futura leitura. Algo como um diário. Um diário virtual. Isso sim seria inovador!
Corta. Minha habilidade de falar besteira pouco aproveitável tem se mostrado problemática. No decorrer do mês, por causa de uma apresentação, com ensaios de 12 horas (vale SALIENTAR a tensão), tive que conversar com pessoas que eu só conhecia de vista, pra aproveitar a oportunidade e talz. Ofendi grande parte, e deixei a impressão de ser um imbecil pro resto. Até esclarecer que eu não estava falando sério na maioria dos momentos. E daí vem aquela cara de “AHAM”. Por sinal, eu sou o único que ri das piadas, quando elas são tão ruins, e elas sempre são ruins. Pode ser porque eu não quero transformar uma conversa de boteco em algo sério. Daí o fato das pessoas acharem que eu estou brincando, quando falo sério. Talvez seja como a Lira já me disse, talvez falte maturidade, pra não parecer que eu estou apenas repassando coisas só pra saírem bonitas. Só pra parecer inteligente. Não que eu almeje um, e seja o outro, mas no fim, tem uma linha tênue entre ser genial e ser um imbecil. Isso é uma citação, por sinal, mas aí você diz em qual lado eu estou.