Voltando a um ponto pouco explorado: maturidade musical. Eu penso nisso sempre que penso em música, mas não que eu fique me atormentando com as supostas conclusões que eu tiro disso.
Musicalmente, experiência é tudo. Ser bom e ter facilidade é um grande relevante, mas se você não souber o que fazer com isso, tudo se torna só um amontoado de sons sem significado, sem sofisticação, e coisas assim. Isso só o tempo muda, e não adianta querer ir contra isso. O seu ouvido não vai ficar melhor em um mês de violão, o seu conhecimento do instrumento não vai vir em algumas semanas, e assim vai... Mas eles vem, com o passar, de novo, do tempo. E você não percebe quando vem, só acontece.
Eu toco há quase três anos, e ainda não me sinto seguro de tocar com o meu irmão, por exemplo, que toca há dez. As coisas que ele cria como brincadeira, eu precisaria de um baita tempo pra fazer. Não imitar, mas fazer algo com a mesma complexidade. Por isso eu raramente toco com ele. Pode ser viadice, mas sei lá, o que eu sei fazer com tanto custo parece nada perto do que ele faz. Isso também pode ser desmerecimento, mas isso eu melhoro depois.
Óbvio que tempo tocando pode não significar nada. Um monte de gente tae fazendo a mesma coisa, sem crescer nunca, nem mudar, nem coisas assim. Isso é só andar em círculos, correndo atrás do próprio rabo. Medo de tentar algo novo. Ou alguma coisa assim. Mas não há como negar que os anos deixam tudo melhor. É só olhar para Radioheads, Sonic Youths e outros tantos exemplos que eu não conheço (mas ignorância musical é outra coisa). Esses caras, hoje, tem 40/50 anos, e começaram isso com 20 e tantos, possivelmente.
Nada vem de graça, isso só é resultado de anos e mais anos de experimentação. Uma música não acontece em dez minutos. Uma banda não se baseia (ou não deveria se basear) em três acordes. E deixem dessa de Ramones ser genial. Você não precisa saber tocar pra tocar, mas ficar parado, sem experimentar nunca, não leva a lugar nenhum. Isso funciona pra mim, mas muitos podem conseguir passar o que querem de forma simples. Eu prefiro não.
Resolvi voltar nisso, quando vi um vídeo do Sonic Youth, em que o Jim O’Rourke (o cara do disco com uma música só, de 40 minutos, que ainda não ouvi) ainda tocava com eles. Fiquei pensando como deve ser bacana tocar com eles, e como eu deve ser difícil acompanhá-los na criação e na execução de tudo. Será que eu conseguiria? Não, foi minha primeira resposta. O que será que ele (JO) tem, pra estar lá? Anos de experimentação. Experiência. Será que eu vou conseguir isso? Sim. Espero.
Por fim, o tal vídeo. Pattern Recognition, do Sonic Youth. A idéia, de novo, não foi bem expressa, mas o vídeo mostra exatamente o que eu quero dizer.
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