O lixo do fundo da estante, que você não quer e não vai ler, sendo exposto sem motivo.
31 de jul. de 2009
Desenho, logo quero mostrar
Desenhos inacabados, que não serão terminados. Desenhos ruins, que não serão melhorados. Referências que espero serem pegas. E alguns poucos bons.
Visitem.
23 de jul. de 2009
Nankin - Janta
- Alô.
- E aí? – Fulano.
- Tudo na boa, cara – Rodrigo.
- Véi, seguinte, bora comigo ver uns sprayzes? Depois a gente vai pra casa da Marina, ela chamou pruma janta e talz.
- Quando?
- Hoje, ué.
- É, isso eu entendi. Mas que horas?
- O spray ou a janta?
- Os dois.
- Spray daqui uma hora, eu passo aí, a gente vai. Janta, lá pelas sete, a gente vai junto.
- Tu sabe quando tu tá ficando velho, quando teus amigos te chamam numa segunda, pra um jantar, manow.
- Bem isso mesmo, mas tá na hora de virar gente, né?
- Marromenos.
- Então buenas, passo aí daqui a pouco.
- Tá.
Roberto resolveu falar com o porteiro, amigo dele; qualquer coisinha que ameaçar foder o graffiti, ele dá um toque. Uma semana, é o tempo que a pintura vai ficar no muro, limpinha. Depois disso, outro alguém manda algo, ou fica coberto de pixo. Mas não tem problema.
Toca a campainha.
- Foi mal, atrasei.
- Bora comprar isso rapidin, e ir pra casa da Marina. Quem vai?
- Eu, você, a Fernanda, Renata, Fábio, Marília, o Manow, Ricardo e a Juliana.
- Juliana?
- Desconheço, amigo. Ela me disse que ia, só. Amiga das meninas e talz.
- E o Roberto?
- Foi viajar ontem.
- Vocês não iam pintar o muro lá do prédio?
- Sim, vai rolar e talz, ele volta quinta.
- Ah sim.
- Marina?
- Fulano?
- Isso. Então, eu tô aqui com o Rodrigo, cê tá na sua casa?
- Não, tô no mercado, comprando as paradas pra janta. Por que, cês queriam ir pra lá?
- É.
- Onde vocês ‘tão?
- Claro.
- Mas eu vou demorar uma meia-hora, pode ser?
- Aham.
- Então tá, tchau.
- Tchau.
1, 2, 3, 4... 5! - Discos Definitivos do Radiohead
A formatação não voltou ao normal, e os posts antigos também foram afetados. Ou seja, nada nem ninguém está a salvo das frescuras do seu browser.
Mas como essas coisas não são obstáculos imponentes na luta de um estudante para disseminar suas opiniões sobre coisas inúteis, eis que hoje, farei não um, mas dois posts! Você não se sentia assim tão avantajado, desde o “quer pagar quanto”, das Casas Bahia.
Enfim, o primeiro post será um Top 5 discos definitivos, mas pra evitar bichices do tipo “aaaaaaaah, sifuder, o Revolver não tá em primeiro?”, vou sempre selecionar um tema, quando a lista for sobre discos.
Hoje, Radiohead, a banda queridona dos que gostam de música boa, e minha preferida, sem dúvidas. Não que minha opinião tenha alguma credibilidade, mas e daí? Toma-lhe:
Top 5 Discos Definitivos do Radiohead
5) The Bends
Eu me pergunto, mesmo, como alguém como ter esse disco como o preferido. É bom, sim, mas é tão “menos bom” que os outros: as músicas são homogêneas, não há nenhum atrativo grande nelas, a audição é arrastada e, pelo menos pra mim, só seis músicas do disco são muito boas. Metade, sim, mas podia ser o disco todo. São elas: Planet Telex, The Bends, High And Dry, Fake Plastic Trees, Just e My Iron Lung. As clichês mermo. No fim, vale ser ouvido por essas seis, mas pelo resto, não.
4) Hail to the Thief
Esse disco tem três pérolas, que merecem ser lembradas até o fim: 2 + 2 = 5, Go to Sleep e There There. Elas, só por elas, já valem o disco todo. Sério. O fim de There There, com o seu “we’re accidents waiting to happen”, é destruidor. Mas como um disco não é feito de 3 músicas, temos que falar das outras, que apesar de pecaram às vezes, não merecem ser apontadas e ditas como ruins. Isso vai de cada um, porque pra mim, nenhum é pra se pular. Myxomatosis, The Gloaming, Where I End and You Begin e Sit Down, Stand Up, porém, merecem ser apontadas e ditas como muito boas.
3) In Rainbows
O terceiro posto nessa lista sem credibilidade, não tira o mérito. In Rainbows, acho que, não tem nenhuma inédita, mas isso também não tira o mérito e mostra, ainda, que o Cabeça de Rádio não dá sinais de que vá decair. Nenhuma ruim, pelo menos aos olhos técnicos. Pra mim, All I Need e House of Cards são as únicas dispensáveis, mas o resto, preenche a lacuna. A quase fúria de Bodysnatchers, a sinceridade e o pessimismo de Nude, a delicadeza de Faust Arp e o desencaixe de Jigsaw Falling Into Place, são espetaculares, e o álbum, de todos os dos Radiohead, é o relaxado na audição. E isso é só mais um ponto positivo.
2) Ok Computer
Ok Computer é espetacular, sem erros, com músicas que despertam sentimento em qualquer um. Pra um monte de gente, a obra-prima do Radiohead. Citar as melhores, é meio complicado, visto que de 12 músicas, 11 são incrivelmente boas. Mesmo. Mas só pra falar por cima, Airbag, Karma Police, Subterranean Homesick Alien, Lucky, No Surprises são as que mais merecem destaque, junto com Paranoid Android, a melhor do disco disparada, e uma das melhores do Radiohead.
1) Kid A
Mais de uma ouvida é o necessário pra quebrar a barreira que esse disco cria, entre ouvinte e música. É denso, é confuso, e até chato, no começo. Porém, depois de passar pelo maior obstáculo, o disco começa a tomar uma forma incrivelmente boa: toda música, tem algum coisa pra te fazer pensar “caralho, isso é genial”, seja a letra, ou o instrumental, que não peca em momento algum. Mas isso é lugar-comum pra banda. O que não é usual, não é a supremacia instrumental, e sim como isso se dá: sinteticamente. Kid A marca uma mudança no Radiohead: as guitarras são deixadas de lado, e só são usadas em duas músicas. De resto, os componentes eletrônicos substituem as cordas, e isso só ajuda a tornar esse disco tão bom. Everything In Its Right Place, The National Anthem, How To Disappear Completely, Optimistic e Idioteque são absurdas, fantásticas, o que você quiser chamar. E Kid A, sem dúvida, é o melhor disco do Radiohead. Pelo menos até hoje.
Então pare de ler besteira na internet e de ouvir aquele pagodão, e vá baixar pelo menos um dos discos da lista. Todos valem a pena, sem exceção, e tu sempre pode elevar tua moral perante os indies, se dizendo conhecedor do Cabeça de Rádio. Ou você acha que as pessoas só curtem por ser bom?
P.S.: Tomar no cu, essa formatação.
21 de jul. de 2009
Tinta, Scarlett, mas não Barcelona
Bom, é isso ae, a formatação do blog deu xilique, e espaça os meus textos, mais do que devia. Pensei que o problema fosse o Opera 10, mas na falta de muito espaçamento, o Firefox se contenta em não colocar espaço nenhum. Tomar no cu. Nem quando escrevo direto aqui, as coisas vão como deveriam, e daí tenho que adaptar.
Enfim, enquanto não arrumo isso, se é que tem conserto, posto esse desenho, ruim, que foi o primeiro que fiz, com um estojo de canetas que praticamente ganhei da Saraiva, junto com um livro. O homem é um desenho meu, a mulher era pra ser a Scarlett Johansson, em uma inspiração pós-Vicky Cristina Barcelona. Não ficou parecida, mas gostei do resultado final, mesmo assim. Por fim, o outro homem, deitado, foi copiado sem dó daqui; gostei do desenho, e achei que ficaria digno no meu próprio. Porque "o plágio é o verdadeiro método artístico moderno".
No mais, logo menos dou notícias do além-formatação ruim, continuo a saga dos pixadores bundões em "Nankin", termino a resenha da Trilogia do Sprawl (o texto já está pronto, inclusive), resenho Reconhecimento de Padrões, e comento a leitura do Arco-Íris da Gravidade, o calhamaço mothafocka de Thomas Pynchon. Tudo antes do fim das férias, já que as aular destroem minha vontade de fazer qualquer coisa.
Não que alguém ligue, certo? Certo.
15 de jul. de 2009
Nankin
- Já – Fulano.
- Tá aí na mochila?
- Aham.
- ‘xô ver, então.
Pega a mochila, abre, puxa o caderno sem linhas, e joga em cima da mesa, no meio de dois copos, ao lado de uma garrafa. O resto do bar nem parece ver isso, mas se tudo correr bem, logo menos vão.
Roberto abre o caderno.
- É mais pro mei, os primeiros são mais antigos.
- Quero dar uma olhada em tudo.
Vai folheando, algumas páginas recebendo mais atenção que outras, alguns a lápis, bem suaves, normalmente esperando um acabamento em nankin, que não vem por falta de grana pra arranjar a tal tinta, e as tais canetas; alguns feitos com Bic, ondulados pelas camadas de tinta exageradas; isso não volta a ser plano nunca. Depois do meio, por umas cinco folhas, frente e verso, páginas cobertas de desenhos, sem espaço vazio em nenhuma. Esses foram feitos direto em nankin, bem concretos, bem pensados e caprichados. Tem a esperança de mandar um desses em uma parede do prédio deles, com Roberto.
- Tu consegue mandar esses com spray?
- Acho que sim.
- Porra, acha?
- Só usei umas vezes, não sei se consigo certin.
- E como você quer fazer isso sem ter certeza?
- Comé que tu quer que eu tenha certeza, se tudo que eu falo pra gente fazer tu dispensa?
Pausa.
- Tá bom. A gente escolhe alguns desses aqui e boa.
- Sério?
- É, ué.
- E não tem perigo de dar merda, né?
- Não, é lá fora, aquela porra é tão pixada que os manows já desistiram de limpar.
- Certeza?
- Carai, se você tá tão animado pra isso, vai e faz, porra. Se eles pegarem a gente, máximo que acontece é a gente limpar. Conheço o cara.
- Entonces boa!
- Sábado que vem. Vou arrumar uns sprayzes, e você arruma uns também.
- Okay.
- Garçom, mais uma, por favor!
12 de jul. de 2009
Morena
- Tá parado faz quanto tempo? – Manow, no auge da amargura.
Fernanda olha no relógio de mocinha, que conta até teus batimentos cardíacos:
- Uma meia hora.
- Puta que pariu, isso que dá sair essa hora, de carro!
- E tu queria ir a pé de certo, nesse frio.
Olha os passantes na calçada, um monte deles. Nenhum tem medo do frio, ou da chuva, e se bobear estão voltando de suas saídas, enquanto eles malemá estão chegando.
- E aí, qualé a boa de hoje? – Fulano, puxando assunto.
- Ficar preso num carro, tá afim? – Manow, puto.
- Pode sair, porra – Fernanda, competindo, por sinal.
Silêncio. A cruzada do herói, toda a vontade de chatear, destruídas por uma amiga. O nível de amargura sobre, e ele resolve ficar quieto, bufando pra si mesmo.
- Fui num sebo hoje, fera pacas! – Marília, tentando responder a pergunta.
- Qual? – Fulano.
- Pera – Marília tira um cartãozinho de dentro da bolsa, passa pra ele.
- Foda, vou dar uma olhada sasférias – guarda o cartão no bolso.
Mais um sebo na lista, mais uma porrada de livros e cds também, se o dinheiro no fim do mês permitir. Vida de universitário é issaê.
- Cara, olha lá – Manow, saindo do silêncio, e apontando, pra uma mulher sentada em um bar, conversando.
- Quem? – Fulano, indo ver.
- A Morena!
- Quem é essa? – Fernanda, do volante.
- Uma menina que eu saia junto. Mór tempo que não via ela!
- Morena? Que porra de nome é esse? – Marília, tentando ver.
- O nome dela, ué. Muito doida, por sinal.
- AHAM, deve chamar Carol, sasporras comunzinha – Fernanda, fazendo todo mundo rir.
- Nada, era descolada pacas – defende a honra, que não é tua.
- Então vai lá ver – Fulano.
- Será que dá?
- Corre, se começar a andar fudeu.
- Tá.
O engarrafamento, quando muito tenso, faz certas coisas com as pessoas. Nada pra se orgulhar, sair de um carro no meio da rua, pra falar com uma guria que talvez nem se lembre de você. Não custa tentar.
- Morena? – todo animado.
- Manow! – lembrou, pelo menos.
“E aí, o que anda fazendo?” e sascoisas dão uma aliviada no papo, e de repente, ele já é chegado de todo mundo na mesa. Morena fez isso quando a gente ficava, fez tal coisa também. Os amigos, do carro, olhavam há uns 15 minutos, sem ter saído do lugar em momento algum.
- Sifuder, meia hora parados, e té no congestionamento, ele fica com alguém! – Fulano, tomando o lugar de Manow no carro.
- E eu?! – Marília.
- Eu o que?
- Não sirvo?
Se endireita no banco de trás correndo, pra ver o rosto de Marília.
- Sério?!
- Não hahahahaha!
- Cacete de agulha – volta pra janela, ver o amigo.
Ainda lá, tomando uma. Morena isso, aquilo e mais outra coisa. Mas a Morena de verdade, com uma baita cara de entojo.
- Daí outra vez, a Morena e eu...
Daí ele pára, ela fala alguma coisa, meio que constrangida, ele fica vermelho, e toma o resto da uma.
- Ques filhos da puta – bem baixinho, só pra ele.
Fala tchau, levanta e volta pro carro, em três passos bem largos.
- Que que foi? – Fernanda, que té saiu da pose de motorista.
- Nada – puto pacaraleo.
- Nada minha pica, pode falar! – Fulano, todo mundo rindo.
- Porra, só cabou o papo, nem lembrava muito de mim.
- O nome dela é Carol, né, faz moda aqui em São Paulo. Certeza! – Marília.
- hahahahahahah.
- Não, porra... é Beatriz...
- Toma-lhe! HAAHAHAHHAHAH!
As ironias do engarrafamento, constata Manow, não terminam em saber que a gostosona descolada que dizem fazer artes, é uma mocinha que faz moda. Terminam em saber que, por mais 20 minutos, tem que ficar encarando o rosto dela, até o carro andar.
- Mai que porra...
10 de jul. de 2009
Count Zero | William Gibson [1986]
A verdade nua e crua, é que esse livro, dos três, é o pior.
Porém não deixa de ter seus méritos: a narração continua bem feita, os personagens são mais personagens (características próprias, destaques e talz, como a Molly) e aqui Gibson inicia um meio de contar estórias que ele vai usar tanto em Mona Lisa Overdrive, o terceiro livro, quanto na sua segunda trilogia, a da Bridge, e de forma ainda mais abrangente: narrações paralelas. Count Zero tem três, Mona Lisa tem quatro.
Count Zero gira em torno de três personagens principais: Bobby Newmark, Turner e Marly Krushkhova.
Bobby é um adolescente vidrado na idéia de ser um cowboy de ciberespaço, e segue os moldes construídos em Neuromancer de personagem ciberpunk, ou seja, é um ferrado. Mora em uma área marromenos de New Jersey, seu estudo é falho e sua mãe é uma viciada em novelas transmitidas por simstim (um programa normal, onde o espectador toma a perspectiva do ator, sentindo quase tudo o que ele sente, e vendo também).
A história dele começa quando um amigo traficante de softwares, Two-a-Day, dá para ele um ICE-Breaker fodão (ICE é a barreira que protege os dados na matrix), que acaba fritando seu cérebro. Ele é salvo por uma imagem misteriosa, mas sua tentativa de invasão não fica por isso mesmo: após sair de sua casa para tentar descobrir o que aconteceu, uma bomba cai lá, cortesia dos criadores do ICE-Breaker, que é baseado em um biochip, que queria sua tecnologia novíssima, em segredo. Porém o software é roubado dele, e quando ele vai direto a Two-a-Day, perguntar que merda está acontecendo, ele fica sabendo que de ferrado, ele foi pra ferrado envolvido em um grande esquema.
Corta.
Turner é um mercenário especializado em fazer transferências de empregados de uma empresa, para outra, o que não é tão simples, levando em conta que os empregados importantes são mantidos prisioneiros. E o que ele quer transferir, é o criador do biochip, Christopher Mitchell, preso na arcologia da Maas, uma corporação que, junto com outra, praticamente monopoliza a fabricação de novas tecnologias no mundo.
Depois de certa enrolação, o plano começa, e a idéia era Mitchell fugir da arcologia, para encontrar Turner e os capangas. Mas o que rola é que Ângela Mitchell, sua filha, aparece, e imediatamente o lugar é explodido.
Turner foge com Angie em um jato, e descobre logo menos que ela tem “circuitos” em sua cabeça, em formatos específicos e que são interpretados por ele como tumores, mas que na verdade são como uma conexão wireless. Com isso, Angie consegue entrar na matrix, sem um console.
Seu grande esquema é descobrir quem explodiu o lugar, o que ela tem em sua cabeça, e deixá-la em segurança, já que o pai morreu no dia seguinte.
Vale notar que ele pode até não rancar teu coração, mas um outro órgão, sim.
Corta.
Marly é uma artista belga, que mora em Paris, e que aos trancos vai se mantendo, depois de ser acusada de vender uma peça falsificada, em sua já fechada galeria.
Sem explicação nenhuma, ela é contratada por Herr Virek, um bilionário mothafocka, para encontrar o criador de caixas que lembram as de Joseph Cornell, só que absurdamente complexas, para que ele possa ter seu corpo de volta, já que no momento, ele é um container cheio de órgãos, e uma consciência viva não me pergunte como.
Com todo dinheiro que precisa, mais para o fim do livro ela atinge o apogeu de sua busca: o espaço. Depois de uma penca de capítulos zanzando por Paris, ela busca em estruturas espaciais abandonadas o criador das caixas, mas decide não colaborar mais com Virek.
É a única personagem que não se relaciona com as outras de maneira direta, e mesmo sua narrativa rela nas outras de forma rápida.
Basicamente, é isso. A nova forma narrativa não serve pra deixar o livro aquela maravilha, e o fato de apenas a parte de Marly ser muito boa não ajuda nisso.
No fim, nada incrivelmente bom, e nem memorável, que funciona como parte de uma trilogia, mas como livro solo, não colocaria muita fé.
8 de jul. de 2009
Película
Na falta de um Flickr, mostro meus desenhos aqui mesmo. Porque a graça de um blog não está apenas em textos ruins, está também em desenhos ruins!
Infelizmente, o blog conspira, então basta clicar, para ver maior.
Godspeed You! Black Emperor
and the sewers are all muddied with a thousand lonely suicides
and a dark wind blows
the government is corrupt
and we're on so many drugs
with the radio on and the curtains drawn
we're trapped in the belly of this horrible machine
and the machine is bleeding to death
the sun has fallen down
and the billboards are all leering
and the flags are all dead at the top of their poles
it went like this:
the buildings tumbled in on themselves
mothers clutching babies picked through the rubble
and pulled out their hair
the skyline was beautiful on fire
all twisted metal stretching upwards
everything washed in a thin orange haze
i said: "kiss me, you're beautiful -
these are truly the last days"
you grabbed my hand and we fell into it
like a daydream or a fever
we woke up one morning and fell a little further down -
for sure it's the valley of death
i open up my wallet
and it's full of blood
__________________
Resenhar o F#A#Infinity, disco que contém essa e mais duas músicas, que batem na casa dos vinte minutos, é uma missão futura, por sinal. Aguardem.
7 de jul. de 2009
Neuromancer | William Gibson [1983]
A principio, tenho vontade de falar sobre Reconhecimento de Padrões, do William Gibson, mas mesmo tendo muitas coisas a dizer, ainda não terminei. Ainda.
Pois bem, unindo minha vontade de escrever, minha vontade de ler, e minha vontade de escrever sobre o que li, começarei a resenhar a Trilogia do Sprawl, também do Gibson. Primeiro, Neuromancer, o clássico do autor, seu primeiro livro.
Na sua estréia, Gibson definiu os moldes do cyberpunk, criou a matrix, inventou o termo ciberespaço e praticamente ditou os primeiros conceitos de internet, sem nunca ter visto um computador.
Uma pausa pra você refletir sobre.
A história gira em torno de Case, um hacker fodão que, após roubar de um de seus contratantes, é pego e, como “punição”, tem seu sistema nervoso sabotado, e fica incapaz de se conectar à matrix. A partir daí, a merda bate no ventilador e ele atinge o fundo do poço: vai para Chiba City, no Japão, lar da medicina ilegal, para tentar se recuperar do ocorrido, e como nada dá certo, passa a se virar como pode, assaltando e matando pra isso, num overdrive terminal, como ele próprio define.
Daí temos o modelo do personagem cyberpunk: Case, 24 anos, drogado e prostituído. Um fracassado que de repente se vê no meio de um esquema bem grande, que logo menos será comentado.
No começo do livro, enquanto as peripécias que o levaram até ali são narradas em paralelo, vemos Case no meio de outro esquema, que não fazemos idéia do que seja. Esse começo dá uma noção do que vem no resto do livro: uma sensação de desorientação, de não saber o que está acontecendo, em momento nenhum.
Enfim, apesar da dificuldade de se localizar nesse novo mundo, o primeiro capítulo serve basicamente para mostrar quem é Case, o que é Chiba City e como é esse mundo em que ambos se localizam. E pra indicar a introdução de Case no realmente grande esquema.
Depois de se ver seguido por um desconhecido, e de se foder no processo de fuga, ele volta para seu caixão na beira do porto e vê que foi invadido. E é aí que entra Molly Millions, a fodona das fodonas em rancar órgãos, com olhos de espelho e garras embaixo das unhas.
Outra pausa para uma reflexão nerd punheteira.
Daí pra quarta parte, acompanhamos o desenvolvimento do esquemão, que não é bom dizer, pra não tirar a graça de futuras leituras. Na quarta parte em questão, vemos a execução do plano, que envolve inteligências artificiais, arcologias espaciais, rastafaris tr00s e passagens igualmente engraçadas, intensas, difíceis e marcantes. Certos diálogos e momentos são pra ficar na mente por um bom tempo.
No fim, esse livro não deixa a desejar: o enredo é fantástico, os personagens são incríveis, algumas passagens são realmente frenéticas e o final disso tudo é de botar um sorriso no rosto de qualquer um.
Li há um tempo que essa turba de informações por página foi uma tática do Gibson, para não perder leitores, e cacete, funcionou muito bem!
Vale a pena ler, assim como toda a Trilogia do Sprawl.
1 de jul. de 2009
20th Century Boys
Mais um dia de férias, e mais dois filmes: Trainspotting, que reassisti, e 20th Century Boys, esse novo mesmo, também japonês. E como não tenho cojones pra resenhar Trainspotting, o clássico cult modernoso de quem não tem coragem de usar heroína e acha a coisa mais cool do mundo, vou me contentar em resenhar 20th Century Boys.
O filme é baseado no mangá de mesmo nome, que começou em 2000 e viu seu fim em 2006; a data do filme, desconheço amigo. O diretor idem, os atores nem se fala, mas pelo menos dá pra sacar que é melhor que “Ichi, the Killer”. E ai se não fosse: 20th Century Boys é uma trilogia, que reza a lenda é um dos projetos mais ambiciosos do cinema japonês.
Infelizmente, não sabia disso e vi apenas o primeiro filme na esperança de entender a história, já que não li o mangá até o fim (shame on me). Minha felicidade ao ler “to be continued” foi uma coisa indescritível.
Enfim, apesar de não totalmente terminado, o filme não desaponta: tem a cara de produção amadora dos filmes orientais, mas com um profissionalismo que você sabe que está lá. Como um filme que por definição é “alternativo”, mas não tenta ser. Ou algo assim, a madrugada eleva meu índice de abstração preguiçosa.
Além disso, é bem fiel ao mangá, pelo menos até onde eu li, e cenas como o personagem principal tocando 20th Century Boy, do T. Rex freneticamente, são fodas demais.
Obviamente, outras cenas são tensas de tão amadoras, mas isso não interessa.
A história gira em torno de Kenji, um musico frustrado, que tem uma loja de conveniência às moscas e uma sobrinha bebê cuja mãe fugiu sem motivo aparente. Um ferrado na vida, porém bem carismático.
Certo dia, ele é informado do desaparecimento de uma família que comprava cerveja em sua loja, e no auge de sua amargura, ele não dá a mínima e só se importa em ir buscar os engradados na casa abandonada, porque perder dinheiro é pros que tem coração.
Pois bem, quando está deixando a casa, vê desenhado na parede um símbolo que ele e uns amigos criaram na infância, e conforme vai conversando com esses amigos, descobre a existência de uma seita de zumbis que segue um tal de “Amigo”.
O “Amigo” usa o tal símbolo, e por isso todos ficam convencidos de que ele foi um dos membros do grupo antigamente. Partindo disso, começam a relembrar suas peripécias, e quando um vírus maligno se espalha pelo mundo, exatamente como haviam escrito em seu “Livro da Profecia” tantos anos antes, eles começam a entender que aquilo é muito maior do que eles acham que é: o “Amigo” está recriando o fim do mundo que os meninos descreveram em seu Livro, combinado para o último dia do século XX.
E daí o filme vai, nos seus 40 minutos finais, de muito bom, pra mediano, às vezes bom. Muito corrido, diálogos clichês e atuações fuleiras, um contraponto ao resto do filme, que é muito bem feito.
Por fim, é mais casual que Ichi, e esse merece ser visto não apenas para fins de curiosidade. Realmente merece ser visto, juntamente com o mangá.
Ichi, the Killer [2003]
Certo, 3 da manhã e minha missão é escrever uma resenha sobre “Ichi, the Killer”. As vantagens das férias não tem limites, realmente. Eu assisto um filme, termino tarde, e vejam só, ainda posso escrever sobre, aproveitando o embalo, com a única preocupação de acordar minha mãe e de dormir metade do meu dia amanhã. Ou hoje. Enfim.
“Ichi, the Killer” conta a história de um chefão da Yakuza, Anjo, que todos acham que fugiu com todo o dinheiro de sua gangue. Mas o espectador fica sabendo que ele morre nos primeiros cinco minutos, então foda-se o suspense.
Porém, um de seus comparsas, Kakihara, acredita que ele está vivo e corre atrás do seu chefe, acreditando que um tal de Ichi o matou. Ao mesmo tempo, um infiltrado da polícia contrata Ichi para matar a gangue de Kakihara, que ameaça uma guerra. Ou algo assim.
O diretor disso é o Takashi Miike, do qual não sei porra nenhuma. Só sei que ele é japonês e que seus filmes envolvem muita violência e a Yakuza. E que isso forma uma equação que se define mais ou menos assim: diretor japonês + violência + Yakuza = filme perfeito! Certo? Marromenos.
Pois é, “Ichi” não chega a ser um filme ruim, mas em relação a todas as expectativas, é bem decepcionante. Isso se dá basicamente por dois fatores: a) a história é confusa, você não consegue acompanhar o que está acontecendo, e por isso, depois de um tempo, você deixa de ligar pra isso. Ponto negativo, porque enredo importa. b) as cenas de destroçamentos, assassinatos, torturas e afins, são engraçadas. Engraçadas! Cacete, eu esperava ter que pausar o filme no meio pra dar uma respirada e aliviar a tensão, mas dá pra rir com essas cenas. “Violência Gratuita”, que é muito menos violento, é mais tenso que isso; pelo menos eles não usam uma computação gráfica fuleira.
Basicamente, esses dois fatores tiram um pouco da graça do filme. Mas daí vem a pergunta: se o enredo é paia, e a as cenas mais importantes também, o que sobra?
Nada. A única coisa que te impede de dizer que o filme é uma merda é o fato dos personagens serem extremamente legais.
Kakihara é um mothafocka sadomasô que está destacado no quesito “sou foda e ranco teu coração sem você piscar” (apropriação textual de frases, o futuro do jornalismo); um clássico vilão idiota, com aquelas idéias de “sou tão foda que ninguém me mata, então minha maior honra vai ser achar alguém que termine o serviço” e esses papos clichês. Um dos personagens mais c00l de todos.
Ichi, o assassino que dá nome ao filme, supõe-se ser mais fodão que todos os outros, o matador sem coração, sombrio e bom de briga. Mas não, ele é um baita bundão, só mata pra se vingar dos guris que bateram nele na infância, e faz isso chorando. Extremamente idiota, extremamente legal.
O resto dos personagens não é importante.
Kakihara, soco no zóio dos irmãos!
No fim, não há tantos motivos pra se ver esse filmes, apenas para fins de curiosidade mesmo, já que deve ter coisa melhor, pelo menos no quesito violência doente e enredo. Mas isso não desmerece o filme, no seu todo, porque ele tem uns momentos realmente bons, apesar de tudo, como o começo, com seu andamento rápido e muito bem feito, os momentos com Kakihara, maravilhosamente sádicos e estilosos, e o final, que possivelmente é a parte violenta mais bem feita.