19 de jan. de 2010

"Take the octopus"

   Fico desgraçado quando algum amigo ou colega posta em algum lugar, ou repassa cara a cara mesmo, alguma piada totalmente imbecil sobre o Lula, sobre a política do país e sobre a situação econômica do mundo. Engraçado, que eu conheço eles, e sei que grande parte nem sabe do que está falando, só recebeu uma explicação rasa, riu e agora repassa essa explicação quando alguém pergunta. Sounds like pretensão, e eu sou um tremendo pretensioso.

   Rir não é o problema, o problema é rir sem saber do que riu, e ainda basear suas opiniões nisso. “Se todo mundo faz piada debochando do Lula, o cara tem que ser um tremendo bunda mole. Taí, não gosto dele também”. Sei lá se é assim que funciona com todo mundo, me baseio em exemplos que eu vejo.

   Mas esse não é o ponto, o ponto é voltar a falar de maturidade. Talvez seja só repassar uma opinião, mas não deixa de ser verdade.

   Maturidade é importante, sem dúvida. Eu não tenho o suficiente pra escrever um monte de coisas que escrevo, e esse é um tremendo exemplo. Possivelmente eu vou ler isso dentro de muito em pouco tempo, e vou discordar de várias coisas; mas ficar antecipando as coisas não leva a nada. Ou não.

   Enfim, maturidade se encaixa perfeitamente nas piadas políticas, porque eu duvido que alguém da minha idade (dezesseis, pra deixar dito) entenda de política tão bem pra dizer que rachou o bico com uma piada sobre o Sarkozy. Na verdade eu duvido que algumas pessoas mais velhas tenham essa maturidade. E porra, tudo bem não entender nada disso, não é nada que vá te fazer alguém melhor, mas se for pra rir de algo, que seja porque você entende plenamente. É igual ficar dizendo por aí o quanto o mundo é uma merda, e voltar pra sua casa quente, com pai e mãe, comida na mesa e carro na garagem, no fim do dia. Não que você não possa se revoltar, mas desde que você se dê conta da hipocrisia que é tudo isso. Não te faz alguém pior aceitar o quão contraditório você é. Esse é o conhecimento da causa que te permite rir da piada sem ter medo de ser questionado sobre.

   Isso não se estende apenas em ler coisas; se estende a fazer coisas. Quem faz tirinhas ou piadas ditas maduras sobre trabalhadores do século XXI e coisas desse tipo, sem nunca ter trabalhado, é um dos maiores exemplos de contradição. E isso vai sair pretensioso até você ter maturidade suficiente pra fazer algo assim e realmente entender o que você fez. Até sair como algo que realmente diz algo pra você, e que não é só uma idéia vazia que você está repassando porque achou forte.

   Dá pra ficar um tempão chilicando sobre a sociedade capitalista-feroz-exploratória e blábláblá, mas como eu vou ter uma opinião que possa ser levada a sério, se eu nunca nem trabalhei na vida? Eu não entendo o que é ter que ficar horas e horas da minha semana fazendo coisas que eu não quero pra conseguir morar em um lugar que me agrade. E eu espero que nunca faça isso mesmo. Pelo menos na parte das coisas que não quero. Enfim, se eu ficasse batendo nessa tecla, seria só uma opinião vazia, mesmo que ela esteja lá. É a mesma coisa com política, e possivelmente com tudo.

   É claro que, de um jeito ou de outro, você vai ter que formar uma opinião, e esperar até poder colocá-la à prova, pra ver até onde ela é forte. E isso não vai acontecer agora. “Por mais que você leia, não dá pra ficar falando por aí sem ter vivido”. Ou algo assim. Um amigo me disse isso há um tempo, e eu vi que estava voltando a isso. Pode ser a síntese de tudo que eu disse.

   Possivelmente alguém vai achar isso um texto cretino, tendencioso e várias outras coisas, mas acontece. Não dá pra escapar da falta de idade e de vida, e a prova é esse texto, e esse blog, que é movido à pretensão, contradição, opiniões distorcidas, descartáveis e falta de maturidade.

   No mais, citando outro, esse não meu amigo, “querer formar suas opiniões usando como base a blogosfera, é como querer aprender a dirigir jogando Mario Kart”.

   E isso nos leva a outro ponto, que qualquer opinião baseada em citações é automaticamente descartável. E assim fica difícil.

   Abs.

3 comentários:

  1. Hahahah
    Gostei do post. Acho que concordo com muitas coisas que você disse.

    O ser humano é uma contradição. Isso é um direito nosso e é um fato que acontece mesmo que indiretamente e inconscientemente.

    Só nos resta, pra ser melhores, aceitar esse fato e reconhecê-lo, como você mesmo disse (e eu acredito mesmo que sejamos melhores à partir do momento que admitimos isso).

    ;*

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  2. Precisamos ter tempo pra filosofar mais.
    Ou eu preciso.
    hummm

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  3. É, meu caro, estar no vão entre a sociologia e o apartamento pseudolegal conseguido com horas fazendo o que não quero... realmente me faz pensar. E, acredite, neste espaço há uma série de outras questões cabeludas! Seria o desafio encará-las? Mas como fazer isso enquanto a galera ri do Lula sem saber o porquê?

    abs

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