10 de jan. de 2010

Ponto

   Ultimamente, eu tenho pensado e falado muito sobre o futuro. Sobre como as coisas podem ser, sobre como o tempo passa... Quando falo do presente, saí algo ruim. E isso é outro tema recorrente: quando não tenho nada pra falar, falo sobre como não tenho nada pra falar. Inclusive já disse isso.

   Agora, tenho mais de uma coisa pra falar, em um texto desnecessário, um vômito. Possivelmente minhas opiniões e conclusões vão sair distorcidas, e no fim, nada vai terminar como eu gostaria que tivesse terminado. É quase a vida, em uma escala menor, se formos levar em conta seu fatalismo. Possivelmente será longo, sem nexo, e eu até acharia uma perda de tempo, se não soubesse que pelo menos três pessoas vão ler, e isso já me deixa feliz.

   Ponto. Eu gosto do meu sobrinho, a maior parte do tempo. Minha irmã tem 22/23 anos (eu não sei ao certo, e isso beira o ridículo) e o meu sobrinho, nesta terça-feira, fará 3 anos. Fico espantado quando as pessoas me encaram assustadas, quando digo que tenho um sobrinho. Como se isso fosse uma coisa impossível. Imagino como deve ter sido e é, pra minha irmã. Talvez isso seja exposição demais, mas se não disser isso pra alguém, de que vale compartilhar as coisas aqui. Eu sou a favor da opinião de que ela seria uma pessoa mais feliz sem o filho dela, mas é só ele fazer uma graça comigo, rir do que eu falo e essas coisas bacanas, que eu digo foda-se, ter um sobrinho é demais. É claro que ele é uma tremenda mala a maior parte do tempo, mas eu também sou. No fim, tem dois jeitos de ser feliz, e esse é o jeito que ela é. E todos são, diga-se de passagem. Primeira opinião distorcida.

   Ainda sobre meu sobrinho, e partindo pros meus primos, nesses tempos de festa notei melhor como eles se comportam. E eu achei isso estranho. Meu sobrinho tem outro tio, da parte de pai, que a essa altura deve ter uns 9, 10 anos. Esse tio xinga quem passar pela frente, e bate em outros tantos. E eu venho percebendo que meu sobrinho está fazendo isso também: bate na minha irmã, me xinga que ‘filadaputa’ e assim vai. Isso é muito pessoa, mas continuando. Eu tenho medo de que ele fique pior, com o passar do tempo, porque por mais que a gente ensine que isso é errado, lá vai o destemido tio (e não só ele) bater novamente na tecla do ‘vai se foder, seu arrombado’. Uma hora isso pára, mas a herança está aí, pro meu sobrinho, que eu sinceramente não quero ver xingando a minha irmã.

   Sobre um primo meu, que tem 8 anos, e ainda sobre o assunto acima. É o mesmo caso, só que com vários amigos. Um ensina ele a ver sacanagem na internet, o outro ensina ele a falar porra, o outro ensina ele a dar porrada. Sinceramente, eu acho que assim você forma um cidadão vencedor. Sem ironias. Mas eu acho que isso está vindo cedo demais pra ele. Ele devia fazer coisas idiotas de criança, e de fato está fazendo, mas no meio tempo, ele faz coisas que não deveria estar fazendo nessa idade. Não sei, é o que eu acho, e é complicado, mas ele não devia ser exposto a certas coisas, enquanto não é a hora. É o velho caso da maturidade, pra entender as coisas. Por sinal eu tenho pouca, porque essa é a segunda opinião distorcida.

   Ponto. Em 2008 eu descobri o quanto a sinceridade é importante pra se manter uma amizade. Eu e meus amigos nunca nós demos a liberdade de falar disso, até porque nem nos ligávamos nisso. Até que eu comecei a forçar essas conversas, do alto de minha neurose. De fato, a verdade nem sempre é legal, pois foram nessas conversas que eu percebi que várias pessoas não eram amigas. Algumas delas, depois de um tempo, passaram a ser, depois dessas conversas, mas outros, simplesmente não quiseram seguir com isso. E eu sinceramente não sinto falta, porque eu vi como elas realmente eram, não só comigo, mas com todo mundo. Não é uma questão de ser cuzão, porque isso todo mundo do meu círculo de conhecidos é. É questão de BRODAGEM. Questão de você xingar de viado, mas estar lá nas horas certas. Isso pode soar bem moça, mas é a verdade.

   Ainda sobre isso. Foi apenas depois dessa mudança de perspectiva que parei de invejar, de certo modo, a amizade de alguns conhecidos mais velhos. Percebi que a maioria desses caras não tem nada mais que colegas, por mais que se digam reais ‘parças’. Talvez por falta de saber até onde vai isso, e por medo de querer saber. Sinceramente eu não sei. Isso eu falo sobre pessoas que conheço.

   Continua. É estranho se afastar de seus amigos, e é um tanto gratificante ver que eles (e você) ainda buscam maneiras de não perder o contato. Mas é um pouco triste ver que agora, as coisas se resumem à conversas um tanto desconfortáveis pelo telefone, ou a comentários com toques limitados em um blog. Melhor seria não acontecer isso, mas se acontece, é bom saber que ainda existem meios de não deixar isso deixar de existir. Porém nem toda a minha sinceridade é capaz de formar uma opinião não-distorcida.

   Ponto. Gente que se acha mais especial que outras. Esses dias li um texto sobre um caboclo que elege as maiores malas do ano. Ele contou que, depois da Fernanda Young ver que estava na décima posição (não tenho certeza), ela mandou um e-mail listando suas realizações do ano, e perguntando se ele tinha feito alguma coisa do gênero. Ele disse que não, mas que tinha feito algo muito melhor: irritado Fernanda Youg.

   Acho engraçado ter que firmar suas conquistas como verdades absolutas, como se fossem padrões pra uma vida mais digna. As coisas só especiais, se alguém achar que elas são especiais. Com o perdão da babaquice, são quase como deuses. E mesmo assim, nada é absolutamente especial. Sempre vai existir quem não gosta. Sempre vai existir quem não acredita. Não é desdenhar das coisas que você sabe, é não ser pretensioso em relação a elas. É não encher o peito pra falar que lê James Joyce. É claro que isso é uma conquista pra você, mas não quer dizer que todos precisem ter lido Ulisses; não quer dizer que alguém seja “menos” por não feito algo.

   Saber desenhar, ter lido algo, escutar alguma coisa... essas coisas só são especiais se alguém acha elas especiais. Se alguém dedica um tempo só pra olhar o que você fez, e no fim, fica satisfeita por ter feito isso. Não te torna o dono da verdade, mas pra essa pessoa, você é ou foi especial. O que não impede que, numa próxima, ela deixe de gostar de algo que você fez. Não sei se é uma questão de matar seus ídolos, mas talvez seja uma questão de não se apegar a verdades, cegamente. Nada está imune à desmistificação. Nem os livros da Fernanda Young, nem as músicas do Sonic Youth.

   Ponto. Tem uma linha tênue (grande linha) entre gostar de coisas que ninguém gosta, pra se auto-afirmar, e pra dizer que você conhece e as outras pessoas não. Eu busco coisas diferentes pelos dois, pra ser sincero. Mais pelo primeiro que pelo segundo, apesar de tudo. O que me deixa desgraçado da minha cabeça, é quando eu digo o nome de uma banda, e a pessoa diz que eu preciso sair mais, ou que eu gosto de umas coisas, viu, ou que deve ser bem famosa, porque eu nunca ouvi falar. Soa como se fosse algo errado ouvir algo assim. É como saber algo, bem. Isso é só seu. Se é algo que pode ser dito especial, não depende de mim, amigo. Acho que o problema é que parece pretensão, tentar buscar coisas fora da superfície. Está nos olhos de quem vê, na maior parte do tempo. Ou não.

Um comentário:

  1. Certa vez vc disse que não tinha amigos, mas o tempo estava de braços abertos pra vc brodá!

    http://mylazyeyes.blogspot.com/2008/05/um-garoto-me-disse-que-no-tem-muitos.html

    esse foi pra vc, caro!

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